Estado Islâmico aterroriza habitantes e fascina jihadistas

O movimento surgiu no Iraque em 2006 por iniciativa da Al-Qaeda
Da AFP
Publicado em 14/09/2014 às 15:48


O Estado Islâmico baseou sua esmagadora ascensão em métodos brutais, em um islã intransigente e no fascínio que exerce sobre os jihadistas, em particular estrangeiros.

O que é o Estado Islâmico?

O movimento surgiu no Iraque em 2006 por iniciativa da Al-Qaeda. Se apresentava como o defensor da minoria sunita ante os xiitas que tomaram o poder com a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. Tornou-se conhecido por seus massacres de xiitas e pelos atentados suicidas contra as forças americanas.

Sua brutalidade e seu islã intransigentes levaram as tribos sunitas a expulsá-lo de seu território. Desde julho de 2011, três meses após o início da revolta contra Bashar al-Assad, seus membros foram convocados a combater na Síria contra o regime dirigido pelos alauitas, um braço do xiismo odiado pelos jihadistas.

Na Síria surgiram rapidamente as divergências entre os jihadistas iraquianos e os sírios. Os primeiros propuseram a criação em abril de 2013 do Estado Islâmico no Iraque e no Levante, mas o chefe sírio se opôs e manteve a Frente Al-Nosra, que se converteu no braço oficial da Al-Qaeda na Síria.

No início de 2014 teve início uma guerra entre a Frente al-Nosra e os rebeldes sírios moderados, de um lado, e o EI, do outro. Ao menos 6.000 pessoas morreram neste conflito. Fortalecido por suas vitórias no Iraque e na Síria, o chefe do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou em junho de 2014 um califado sobre os dois países.

Tem quantos combatentes?

Não existem números precisos. A Agência Central de Inteligência americana (CIA) fala de 20.000 a 31.000 combatentes nos dois países. Segundo outro funcionário da inteligência americana, há 15.000 combatentes estrangeiros na Síria, incluindo 2.000 ocidentais. Alguns se incorporaram ao EI, mas não há números precisos disponíveis.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) estimou em mais de 50.000 o número de seus combatentes na Síria, incluindo 2.000 não sírios, procedentes de Golfo, Chechênia, Europa e inclusive da China.

No Iraque, segundo Ahmad al-Sharifi, professor de Ciência Política da Universidade de Bagdá, o EI conta com entre 8.000 e 10.000 combatentes, 60% dos quais são iraquianos. O EI recruta muito através das redes sociais, mas muitos insurgentes ingressam por medo ou atraídos pelos salários que oferecem.

Que território controla?

O EI controla aproximadamente 25% da Síria (45.000 km2) e 40% do Iraque (170.000 km2), ou seja, um total de 215.000 km2, o que representa quase a superfície do Reino Unido (237.000 km2), segundo Fabrice Balanche, um geógrafo especializado na Síria.

O califado se estende de Manbej, no norte da Síria, perto da fronteira turca na província de Aleppo, em direção ao leste com toda a província de Raqa, e uma grande parte de Hasaka e Deir Ezzor até a localidade fronteiriça de Bukamal. No Iraque controla as regiões sunitas do oeste e do norte, incluindo a cidade de Mossul.

Por que este grupo atrai jihadistas estrangeiros?

Segundo o escritor e jornalista libanês Hazem al-Amin, os jihadistas ocidentais estão fascinados por sua demonstração de força de "tipo Hollywood".

As decapitações, as execuções e a conquista de territórios parecem uma epopeia. Além disso, de acordo com os especialistas, o EI diz ter retomado o islã da época de Maomé.

Quais são suas fontes de financiamento?

São várias, segundo os especialistas. Em primeiro lugar, existem os contribuintes dos países do Golfo.

De acordo com Romain Caillet, especialista nos movimentos islamitas, o EI se autofinancia em grande parte, e os fundos externos só representam 5% de seus recursos.

O EI pratica a extorsão e obriga as populações locais a pagar impostos. A isso se somam o contrabando de petróleo e de peças de antiguidade, os resgates pela libertação de reféns ocidentais e as reservas dos bancos de Mossul, a cidade da qual o EI se apoderou no início de sua ofensiva relâmpago em junho.

Segundo Bashar Kiki, o chefe do conselho provincial de Nínive, cuja capital é Mossul, as reservas em dinheiro dos bancos desta cidade antes da ofensiva eram de aproximadamente 400 milhões de dólares.

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