Durante a conferência Derrotando o Ebola em Serra Leoa, nesta quinta-feira (2), em Londres, 34 organizações não governamentais (ONGs) encaminharam à comunidade internacional pedido de apoio para enfrentar a disseminação do vírus ebola. “Muitos hospitais fecharam e os que ainda se encontram abertos estão no limite da capacidade, com pessoas doentes sendo dispensadas”, alerta o documento entregue pelas organizações. De acordo com a ONG Save the Children, cinco novos casos são diagnosticados por hora em Serra Leoa, no Oeste da África, e não há leitos suficientes para os doentes.
As ONGs sugerem que governos tomem medidas urgentes para conter o vírus, entre elas as seguintes: aumento das doações financeiras; envio de suprimentos e equipamentos médicos; disponibilização de recursos humanos, inclusive equipes militares; incentivo ao voluntariado e o apoio a grupos locais familiarizados com a realidade da região.
O documento alerta também para as consequências da crise, que ampliam a gravidade do problema. “O sistema de saúde entrou em colapso; doenças tratáveis e preveníveis como malária e diarreia estão tirando centenas de vidas; mães estão morrendo por complicações no parto; crianças perdendo meses importantes de educação porque as escolas estão fechadas; órfãos do ebola sem receber qualquer tipo de cuidado”.
O perigo de disseminação do vírus também foi abordado pelas ONGs, que pedem que os países vizinhos a Serra Leoa estejam preparados, e tenham planos de contingência locais. “Podemos virar o jogo. A comunidade internacional precisa se mover mais rápido do que nunca para prevenir uma catástrofe na África Ocidental com implicações globais”, assinala o documento.
A conferência, organizada pelo Reino Unido, arrecadou 120 milhões de libras (quase R$ 500 milhões) para a luta contra a doença. O presidente da República de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, não compareceu ao evento em razão de problemas técnicos com o avião que o transportaria até o local.
O alto comissário para o Reino Unido e a Irlanda do Norte em Serra Leoa, Edward Turay, disse durante a conferência que o país está desesperado por equipamentos médicos, remédios e médicos treinados para ajudar a combater a doença. “O ebola é uma doença perigosa e eu estou feliz porque o mundo agora caiu em si e está vendo que esse não é um problema regional, não é um problema de Estado, é um problema global. As pessoas viajam, e vocês devem ter ouvido sobre o que está acontecendo na América. O ebola voou da Libéria para Dallas, no Texas, e isso é só o começo”.
O comissário fez referência ao liberiano que chegou no dia 20 de setembro a Dallas, no Texas, e procurou ajuda médica em um hospital local. Ele foi diagnosticado com ebola e isolado oito dias depois. Autoridades americanas temem que outras pessoas possam ter sido infectadas.
De acordo com relatório divulgado na quarta-feira (1º) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortos no pior surto de ebola já registrado no mundo chegou a 3.338 pessoas, em um total de 7.178 casos diagnosticados na África Ocidental até 28 de setembro.