Jihadistas tentam cercar de novo a cidade síria de Kobane

Os combates prosseguiram até a manhã de sábado na cidade, a terceira maior localidade curda da Síria
Da AFP
Publicado em 01/11/2014 às 11:21


Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) tentaram mais uma vez neste sábado isolar a cidade síria de Kobane, onde os milicianos curdos receberam o reforço de 150 peshmergas iraquianos na sexta-feira.

Os jihadistas, que segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) sofreram pelo menos 100 baixas nos últimos três dias, tentaram assumir o controle dos bairros da zona norte da cidade, com o objetivo de cercar a localidade e cortar o acesso à vizinha Turquia, cuja fronteira fica a menos de um quilômetro.

Os combates prosseguiram até a manhã de sábado na cidade, a terceira maior localidade curda da Síria.

Os combatentes curdos sírios, que defendem de maneira intensa Kobane desde 16 de setembro, receberam na sexta-feira o reforço de 150 peshmergas, que viajaram a partir do Curdistão iraquiano e passaram pela Turquia, mas que ainda não participaram nos combates, segundo o OSDH.

"Estávamos preparados para combater imediatamente, mas as YPG (as milícias curdas sírias) pediram para que preparássemos certos assuntos antes", disse um oficial peshmerga à agência de notícia curda Rudaw.

De acordo com o OSDH, 576 jihadistas morreram na batalha de Kobane desde setembro. Também faleceram 361 milicianos curdos e aliados, assim com 21 civis, em um total de 958 pessoas.

Enquanto os curdos defendem Kobane, que virou o símbolo da resistência, os jihadistas da Frente Al-Nosra expulsaram os rebeldes moderados da Frente Revolucionária Síria (FRS) de seu reduto do noroeste do país após 24 horas de combates, informou a mesma ONG.

Segundo o OSDH, alguns jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) ajudaram a Frente Al-Nosra, apesar dos confrontos entre os dois grupos em outras regiões do país.

"A Frente Al-Nosra assumiu o comando em Deir Sinbel e agora controla a maioria das localidades e vilarejos da região de Jabal al-Zawiya", afirma um comunicado do OSDH.

"Os combatentes do braço sírio da Al-Qaeda ficaram com armas e tanques da FSR. Uma parte dos rebeldes jurou lealdade à Frente Al-Nosra e outra fugiu", destacou a ONG.

A derrota é um duro golpe aos esforços dos Estados Unidos para criar e treinar uma força moderada entre os rebeldes que lutam contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad.

15.000 jihadistas estrangeiros - Apesar da campanha contra o EI na Síria, o Iraque continua sendo a prioridade do governo dos Estados Unidos, que realiza incursões aéreas neste país desde 8 de agosto e enviou centenas de assessores militares para apoiar as forças governamentais.

As tropas de Bagdá conseguiram recuperar na sexta-feira os controles de dois bairros da cidade de Baiji, controlada pelo EI desde a ofensiva fulgurante no Iraque em junho.

Recuperar totalmente esta localidade, que fica ao norte da capital, permitiria garantir a segurança da principal refinaria iraquiana, muito próxima do local onde as forças de segurança resistem há vários meses à ofensiva dos radicais sunitas.

Acusado de limpeza étnica e de crimes contra a humanidade pela ONU, o grupo Estado Islâmico aproveitou a guerra civil na Síria e a instabilidade do Iraque para assumir o controle de vastas faixas de território nos dois países, espalhando o terror em sua passagem.

Segundo um relatório da ONU citado pelo jornal britânico The Guardian, 15.000 jihadistas estrangeiros procedentes de 80 países combatem ao lado do EI, um número "sem precedentes".

Manifestações de apoio - Para demonstrar o apoio aos combatentes de Kobane, o principal partido curdo da Turquia convocou manifestações em todo o país e em cidades da Europa.

O PKK critica Ancara pela falta de uma intervenção na Síria. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan se nega a entrar na disputa, por temer acabar reforçando os curdos da Turquia, com os quais negocia um processo de paz há dois anos, marcado por muitos obstáculos.

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