Atualizada às 12h14
O Papa Francisco reuniu nesta segunda-feira seu "Conselho de Ministros" para deliberar sobre projetos concretos para reformar a Cúria, que poderiam ser concluídos em fevereiro, informou o Vaticano.
Como parte desta reorganização, ele nomeou um cardeal africano, o guineense Robert Sarah, para o posto de prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, responsável pelas questões delicadas da liturgia. O cardeal Sarah era, até este momento, chefe do Pontifício Conselho "Cor Unum", encarregado das obras de caridade da Igreja.
Teólogo renomado, o cardeal Sarah é considerado próximo ao Papa emérito Bento XVI e é conhecido por suas posições doutrinárias firmes. Ele será o mais importante prelado africano em uma Cúria onde os africanos são minoria.
A reunião dos "ministros", que durou mais de três horas, provavelmente foi agitada já que a reforma deverá fundir vários conselhos pontifícios em entidades maiores.
O objetivo do Papa é racionalizar e modernizar a administração. Mas isto vai requerer um grande esforço para encontrar novas atribuições para os cardeais e empregados leigos que perderão seus empregos.
De acordo com o jornal francês La Croix, os "ministros receberam com antecedência um projeto organizacional sobre o qual são chamados a opinar".
O Papa reúne apenas duas ou três vezes por ano esses responsáveis em uma espécie de Conselho ministerial.
De 9 a 11 de dezembro, o "C9", conselho de nove cardeais dos cinco continentes que aconselham o Papa independentemente da Curia, se reunirá para discutir suas ideias em antecipação a uma reunião em fevereiro, de acordo com fontes do Vaticano.
De acordo com fontes confiáveis, a principal novidade das reformas seria a criação de uma grande "congregação" para os leigos, a fusão de vários departamentos do Vaticano, onde postos de direção poderão ser assumidos por mulheres, leigos ou casais, a fim de dar mais espaço aos leigos e mulheres na liderança da Igreja.
Outro agrupamento poderia abranger todos os serviços que lidam com questões de justiça social: imigrantes, saúde, justiça e paz.
Os conselhos de Cultura e Educação também deverão se fundir, de acordo com o vaticanista Marco Tosatti.
O papa Francisco já conduziu uma grande reformulação dos serviços econômicos e financeiros do Vaticano, sob a liderança de uma subsecretaria de Assuntos Econômicos, dirigida pelo cardeal australiano George Pell.
Além disso, os serviços de comunicação (assessoria de imprensa, rádio, televisão, comunicação social, jornal, etc.) são alvos de uma auditoria, sob a direção do ex-governador britânico de Hong Kong, Chris Patten, tendo em vista de uma reforma que terá seus contornos anunciados no ano que vem.