Informe denuncia péssimas condições de higiene de esterilizações na Índia

Treze mulheres morreram após a cirurgia feita no começo de novembro, durante um programa de esterilização no estado de Chhattisgarh
Da AFP
Publicado em 02/12/2014 às 16:16
Treze mulheres morreram após a cirurgia feita no começo de novembro, durante um programa de esterilização no estado de Chhattisgarh Foto: Foto: AFP


As 13 mulheres que morreram após uma cirurgia de esterilização na Índia, em novembro passado, foram operadas em condições de higiene deploráveis e o cirurgião que fez o procedimento usou as mesmas luvas e agulhas em todas as pacientes, revelou um informe publicado nesta terça-feira (2).

Treze mulheres morreram após a cirurgia feita no começo de novembro, durante um programa de esterilização no estado de Chhattisgarh, região central da Índia, realizado em um estabelecimento público.

Além disso, dezenas de mulheres tiveram que ser hospitalizadas após o procedimento, o que gerou amplas críticas ao sistema de planejamento familiar indiano.

"Nenhum membro do pessoal médico trocou as luvas entre as operações. Em todos os casos foi usada a mesma seringa e a mesma agulha de sutura", revelou a pesquisa, feita por quatro entidades de saúde pública.

Segundo os cientistas, a equipe médica operou 83 mulheres em condições deploráveis de higiene e, provavelmente, muitas pacientes que morreram sofreram infecções.

Após tomar conhecimento do caso, as autoridades indianas afirmaram, em um primeiro momento, que os medicamentos usados continham veneno para rato. As vítimas começaram a ter vômitos e quedas de pressão pouco após a realização do procedimento.

A esterilização é um dos métodos mais comuns de planejamento familiar na Índia, onde vários estados organizam operações maciças destinadas geralmente a mulheres das zonas rurais, que frequentemente são muito mal informadas, destacaram as ONGs.

"Um total de 83 mulheres foram operadas em cerca de uma hora e meia, ou seja, cada operação durou entre um minuto e um minuto e meio", indicou o informe, destacando que as mulheres tiveram alta rapidamente e nenhuma delas recebeu cuidados pós-operatórios.

Esta pesquisa não faz parte do processo judicial aberto pelas autoridades.

Nos dias que se seguiram às operações, o cirurgião que fez o procedimento foi detido. No entanto, o médico negou ter agido com negligência e disse ter sido um bode expiatório. A polícia também deteve o proprietário de um laboratório farmacêutico local e o filho dele.

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