A Associação Avós da Praça de Maio da Argentina informou nesta sexta-feira ter recuperado o neto de número 116, filho de um casal que ainda figura como desaparecido durante a última ditadura militar (1976-1983).
A presidente e fundadora da organização, Estela de Carlotto, atualmente em visita ao México, fornecerá mais detalhes durante o dia.
"O neto recuperado era filho de Ana Rubel, professora e estudante de Ciências Econômicas. Ela cursava o terceiro ano quando foi sequestrada grávida de 2 meses", detalhou um comunicado emitido em conjunto com a Secretaria de Direitos Humanos da Nação.
Seu pai era Hugo Castro, contra-mestre de obras que trabalhou com funcionário da multinacional de automóveis Ford na província argentina de Córdoba, antes de se mudar a Buenos Aires para estudar arquitetura.
"Ambos militavam na (esquerdista) Frente Argentina de Libertação. Foram sequestrados em janeiro de 1977 e levados ao ex-centro clandestino de detenção que funcionou na Escola de Mecânica da Armada (ESMA), último lugar onde foram vistos com vida", indicou o comunicado.
A Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (CoNaDI), pertencente à Secretaria de Direitos Humanos da Nação, junto às Avós da Praça de Maio, celebraram com muita felicidade a notícia, considerada "mais uma conquista da luta das Avós da Praça de Maio e do povo argentino".
"Já são 116 os netos restituídos", afirmaram no comunicado.
Cerca de 30.000 pessoas desapareceram ou foram assassinadas na ditadura argentina, segundo organismos humanitários.
Neste ano a organização anunciou a restituição de três netos, mas foi o encontro de Ignacio Guido Montoya Carlotto, neto de Estela de Carlotto, o que teve o maior impacto na sociedade argentina, dando a volta ao mundo.
O homem, que atualmente é um músico de fusão de jazz e folcklor, foi procurado por 36 anos como Guido Carlotto - por dúvidas sobre a identidade de seu pai - e por uma suspeita repentina se submeteu voluntariamente a um teste de DNA que confirmou em agosto que era o neto da avó mais popular da Argentina.
O grupo Avós da Praça de Maio foi criado em outubro de 1977 e o neto de De Carlotto foi o 114º achado, de um total de 500 crianças que acredita-se que tenham nascido em centros de detenção clandestinos e depois adotadas por cúmplices do regime.