O último líder soviético, Mikhail Gorbachev, pediu nesta quarta-feira aos Estados Unidos e União Europeia que "descongelem" as relações com a Rússia, apesar das tensões provocadas pelo conflito na Ucrânia.
O estadista de 83 anos afirma em um artigo publicado no jornal oficial Rosiiskaya Gazeta que a crise da Ucrânia levou o Ocidente não apenas a impor sanções contra a Rússia, mas também a cessar a cooperação em temas mundiais, desde a luta contra o terrorismo até a mudança climática e as epidemias.
"Nós devemos descongelar as relações de maneira urgente", insiste Gorbachev.
"Eu sugiro que os líderes da Rússia e dos Estados Unidos pensem em realizar uma reunião de cúpula com uma agenda ampla, sem condições prévias. Uma reunião do mesmo tipo deve ser preparada entre Rússia e União Europeia", completa.
Rússia e Estados Unidos têm "uma responsabilidade especial", destacou Gorbachev.
"Quando se afastam dela, o mundo sofre consequências terríveis".
Gorbachev afirma no artigo acreditar que "as partes no conflito ucraniano estão violando o cessar-fogo, ambas as partes são culpadas de utilizar armas especialmente perigosas e de pisotear os direitos humanos".
O ex-líder soviético apoiou a anexação russa da Crimeia, ao afirmar em março que a Rússia tinha razão em corrigir um error histórico da União Soviética ao entregar a região à Ucrânia, e que "isto deveria ser bem recebido, ao invés de provocar sanções".