No México, protesto liga armas ilegais alemãs a sumiço de 43 estudantes

Os cerca de 100 participantes de um protesto na Cidade do México denunciaram o uso irregular pela polícia de fuzis de assalto G36, fabricados na Alemanha
Da Folhapress
Publicado em 25/12/2014 às 18:58
Os cerca de 100 participantes de um protesto na Cidade do México denunciaram o uso irregular pela polícia de fuzis de assalto G36, fabricados na Alemanha Foto: Foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP


Manifestantes que protestaram em frente à embaixada alemã no México nesta quinta-feira (25) afirmam que armas ilegalmente importadas do país para a polícia mexicana foram usadas no desaparecimento de 43 estudantes.

Os cerca de 100 participantes de um protesto na Cidade do México denunciaram o uso irregular de fuzis de assalto G36, fabricados na Alemanha, pela polícia do Estado de Guerrero, no sul do país. Os policiais são acusados de ter detido os estudantes e os entregado a uma facção de traficantes, que aparentemente os matou.

"Estamos na frente desta embaixada para exigir que deixem de vender armas ao México, porque estão sendo usadas para assassinar estudantes", disse o porta-voz dos pais dos 42 estudantes ainda desaparecidos, Felipe de la Cruz. Apenas um dos cadáveres foi identificado.

A Procuradoria Geral da República mexicana informou aos advogados das famílias que as armas usadas contra os jovens eram de origem alemã. Agora, as famílias exigem que a Alemanha cumpra com os tratados internacionais que proíbem vender armas a países onde há conflitos políticos e sociais. Isso incluiria os Estados de Guerrero, Oaxaca, Chiapas e Michoacan.

Há quatro anos, o governo alemão proibiu a fabricante Heckler & Koch GmbH de vender armas ao México, sob a preocupação de que elas acabariam sendo usadas em lugares onde há desrespeito aos direitos humanos.

Em 2014, o jornal alemão "Suddeutsche Zeitung" publicou reportagens investigativas comprovando a venda irregular de armas de outra fabricante de armas alemã, a Sig Sauer, para a Colômbia e para a Venezuela.

Os estudantes desapareceram na noite de 26 de setembro, após serem atacados a tiros pelas polícias municipais das cidades de Iguala e Cocula, supostamente por ordens do então prefeito José Luis Abarca.

Segundo as investigações, os jovens foram detidos pelos policiais e entregues ao cartel Guerreros Unidos, que supostamente matou a todos e incinerou seus corpos. Sem confirmação, os familiares continuam esperando vê-los vivos.

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