Cristina Kirchner e o chanceler argentino Héctor Timerman foram denunciados por um promotor por encobrir iranianos acusados de serem os mentores de um atentado a um centro de convivência de judeus de Buenos Aires, que aconteceu em 1994. A explosão deixou 85 mortos.
O promotor Alberto Nisman acusa os dois por uma suposta negociação de um plano de impunidade e encobrimento dos autores iranianos, que fugiram do país.
O argumento é que teria havido um plano para eximir o Irã de qualquer participação no caso, em troca de se aproximar do país para trocar petróleo por produtos agrícolas argentinos. Em 2012, os governos dos dois países assinaram um acordo pelo qual o Irã se comprometeu a interrogar os acusados na Argentina, mas não ficou obrigado a prender ou extraditá-los.
A Justiça argentina investiga sete iranianos pelo atentado, sendo que alguns deles serviram na embaixada em Buenos Aires. Nisman também denunciou um deputado e dois militantes governistas como responsáveis por uma negociação para culpar terceiros e abrir o caminho para um acordo com o Irã. Para fazer a denúncia, ele usou interceptações telefônicas.
Um desses militantes é Luis D'Elia. Ele teria sido usado para negociar o acordo. Segundo a acusação, D'Elia enviou a um diplomata iraniano o seguinte texto: "Tenho uma mensagem urgente do governo argentino para passar urgentemente para lá [Irã] antes de amanhã. Estou na casa de governo agora. Não há assunto mais importante do que esse, acredite em mim".
O promotor considera que a Presidência queria se comunicar com Teerã por canais extraoficiais, com urgência, o que seria próprio de um plano criminal. O chanceler Timerman é de origem judaica. Ele é filho de um empresário que foi detido e torturado por militares antissemitas durante a última ditadura argentina, entre 1976 e 1983.