Milhares de muçulmanos protestaram no Oriente Médio, na África e na Ásia nesta sexta-feira - após as orações - contra a publicação pelo jornal satírico francês Charlie Hebdo de uma caricatura do profeta Maomé.
As manifestações mais violentas ocorreram em Zinder, segunda cidade do Níger, onde quatro pessoas morreram e 45 ficaram feridas. Os mortos são três civis e um guarda, todos baleados, informaram uma fonte médica e o ministro do Interior, Massaudu Hassumi. Segundo a Rádio Nacional, 22 agentes das forças da ordem e 23 manifestantes ficaram feridos.
Os protestos, convocados em Zinder via SMS, degeneraram em violência, especialmente com o incêndio do Centro Cultural franco-nigeriano (CCFN) e o ataque a três igrejas, uma católica e duas evangélicas. Segundo o ministro Hassumi, alguns manifestantes carregavam "bandeiras de Boko Haram", grupo islâmico nigeriano que controla duas cidades da Nigéria próximas à fronteira com o Níger.
O Charlie Hebdo publicou na quarta-feira em sua capa uma nova caricatura do profeta Maomé com uma lágrima no olho segurando um cartaz "Je suis Charlie" e sob os dizeres "Tudo está perdoado", em referência aos atentado que fizeram 17 mortos na semana passada em Paris, incluindo 12 durante o ataque à revista. Na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, parte palestina anexada e ocupada por Israel da Cidade Santa, centenas de muçulmanos palestinos protestaram nesta sexta.
"O Islã é uma religião de paz" e "Maomé será sempre o nosso guia", podia ser lido nas faixas carregadas pelos manifestantes. O grande mufti Mohammad Hussein, que conduz a oração que contou com cerca de 35.000 participantes, não citou Charlie Hebdo. Na quarta, ele denunciou um "insulto" aos muçulmanos e condenou "o terrorismo sobre todas as formas".