Estupradores são normalmente pessoas próximas, diz campanha na França

O número de mulheres adultas vítimas de estupro ou tentativa de estupro é estimado em 86.000 a cada ano
Da AFP
Publicado em 20/01/2015 às 9:40
O número de mulheres adultas vítimas de estupro ou tentativa de estupro é estimado em 86.000 a cada ano Foto: Foto: Juca Varella / Fotos Públicas


Uma campanha lembrando que "quase 80% dos agressores são pessoas próximas" será divulgada a partir de 27 de janeiro em doze canais de televisão em toda a França, com o objetivo de incentivar as mulheres vítimas de estupro a não ficarem em silêncio. 

Apresentado nesta terça-feira pelo Coletivo Feminista contra o Estupro (CFCV), o vídeo de 30 segundos mostra uma festa entre amigos. Um homem é calorosamente recebido por todos, exceto uma jovem. Ela se fecha quando ele se aproxima e a cumprimenta com um beijo no rosto: o melhor amigo de todos também é o homem que a estuprou. 

"Em oito casos sobre dez, o autor do estupro faz parte do convívio da vítima", diz a campanha, encorajando as vítimas a denunciarem seus agressores. O CFCV fornece uma linha telefônica para que as mulheres possam relatar suas experiências. 

Porque é ainda mais difícil falar sobre um estupro quando ele foi cometido por alguém próximo, esta campanha quer "mostrar como é importante para uma vítima poder falar, poder ser ajudada e acompanhada", ressalta Gilles Lazimi, coordenador das campanhas do coletivo.

"Para ajudar estas pessoas a se reconstruírem, é preciso que elas sejam reconhecidas como vítimas", diz Lazimi. Ele explica que trata-se de "mudar a vergonha", mostrando a estratégia do agressor e ajudando-as a se livrar a culpa. 

Enquanto o número de mulheres adultas vítimas de estupro ou tentativa de estupro é estimado em 86.000 a cada ano, somente 13% das vítimas recorrem à polícia e apenas 1% das queixas levam a uma condenação, aponta a entidade. 

Para a presidente do coletivo, Emmanuelle Piet, quando as mulheres ligam para o CFCV, encontram "uma rede de profissionais que conhecem bem a estratégia dos agressores e vão permitir que elas entendam de forma clara o que aconteceu".  

"Nós também prestamos auxílio jurídico, e as acompanhamos no que elas quiserem", explica Piet.

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