A guerrilha comunista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) se comprometeu neste sábado em Havana, capital cubana, a abandonar a atividade armada e se transformar em um partido político se o governo colombiano cumprir as reformas e garantias solicitadas.
"As Farc se comprometerão no que lhes couber a contribuir para a não repetição das causas que geraram o atual conflito armado de meio século", disse a guerrilha colombiana em um comunicado lido à imprensa pelo negociador Jesús Santrich no início das negociações de paz com o governo de Juan Manuel Santos.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) garantem "sua contribuição para o fim do confronto armado", "sua decisão de se transformar em um movimento político que impulsione as transformações estruturais" pretendidas e "a ativa participação na construção da memória e da verdade histórica, e de ações reparadoras".
Ao mesmo tempo, pedem ao governo uma série de ações imediatas para a não repetição de ações, entre elas um cessar-fogo bilateral, a suspensão de projetos de investimento mineradores-energéticos e o fim de medidas legislativas que sejam contrárias às negociações de paz.
Também exigem "reformas estruturais para a não repetição (de ações) e reconciliação nacional", a proscrição do anticomunismo, a desmilitarização da sociedade e a reforma das forças militares, assim como a depuração do aparato de segurança do Estado.
Outros pontos que pedem são a erradicação do paramilitarismo, garantias para o exercício político e a "formação da 'Comissão constitucional permanente de garantia, proteção e promoção dos direitos humanos e de prevenção de suas graves violações'".
"Serão fornecidas as condições necessárias de segurança pessoal e coletiva a líderes políticos e sociais, trabalhadores, camponeses, indígenas e afrodescendentes, a defensores dos direitos humanos, a suas múltiplas instituições e processos organizacionais, sejam eles partidos, movimentos, sindicatos, coletivos, associações ou que expressarem outras formas de organização social", concluíram.
Os representantes das Farc e da delegação do governo, liderada por Humberto de la Calle, estão discutindo atualmente o complexo tema da reparação às vítimas do conflito, depois de terem entrado em acordo sobre os primeiros três temas da agenda das negociações, iniciadas em novembro de 2012.