Turquia critica Londres pelo caso das 3 adolescentes que fugiram para a Síria

Menores chegaram a ser interrogadas pela polícia, depois que uma amiga delas viajou para a Síria
Da AFP
Publicado em 24/02/2015 às 11:04
Menores chegaram a ser interrogadas pela polícia, depois que uma amiga delas viajou para a Síria Foto: Foto: AFP


Turquia reprovou o Reino Unido que demorou em informar na semana passada a saída de Londres e a chegada a Istambul das três adolescentes britânicas suspeitas de querer se unir ao grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

"É lamentável que o Reino Unido tenha deixado que três adolescentes abandonassem tranquilamente o aeroporto para ir para Istambul e que não tenha nos dado qualquer informação passados três dias", queixou-se o vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç.

"Continuamos buscando as adolescentes de maneira ativa neste momento. É evidente que a Turquia não pode ser considerada responsável pela situação. Não recebemos informações da Grã-Bretanha e sua famosa Scotland Yard", enfatizou.

As amigas Kadiza Sultana, de 17 anos, Shamima Begum e Amira Abase, ambas de 15, saíram de casa, em Londres, na última terça-feira, e embarcaram para Istambul. O trio teria viajado para se unir às fileiras do grupo Estado Islâmico (EI).

Em dezembro, as menores chegaram a ser interrogadas pela polícia, depois que uma amiga delas viajou para a Síria. A Scotland Yard insiste, porém, em que não havia qualquer indício de que as três pretendiam seguir os passos da amiga.

O pai de Amira, Hussen Abase, de 47 anos, disse não ter notado nada de estranho no comportamento da filha, quando ela lhe falou que iria a um casamento. Em vez disso, Amira seguiu para o aeroporto de Gatwick e tomou um avião para a Turquia, porta de entrada para a Síria.

Utilizando uma conta no Twitter em nome de Shamima Begun, alguém teria entrado em contato com Aqsa Mahmud, uma mulher de Glasgow que embarcou para a Síria no ano passado para se casar com um combatente do EI. Segundo algumas fontes, essa mulher estaria agora recrutando outras jovens para se casar com jihadistas.

Especialistas em contraterrorismo consultados pela AFP avaliam que cerca de 50 mulheres deixaram a Grã-Bretanha rumo à Síria para se juntar ao EI. A cada dia, surgem mais histórias sobre as "noivas da jihad" nos tabloides britânicos.

Na tentativa de conter esse fluxo, uma nova lei permite reter os passaportes de britânicos suspeitos de pretenderem viajar para a Síria, ou para o Iraque.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, já anunciou que planeja introduzir novas medidas, como aumentar as revistas nos aeroportos, e pediu às escolas e universidades que ajudem a identificar os estudantes em risco de serem cooptados. Os analistas advertem que também é necessário dirigir os esforços contra a propaganda que chega pela Internet.

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