Kofi Annan visita Cuba para promover processo de paz na Colômbia

Depois dos encontros com cada delegação, haverá uma reunião conjunta de todos os envolvidos no processo
AFP
Publicado em 26/02/2015 às 20:35
Depois dos encontros com cada delegação, haverá uma reunião conjunta de todos os envolvidos no processo Foto: Foto: ADALBERTO ROQUE / AFP


O ex-secretário-geral da ONU e Prêmio Nobel da Paz 2001, Kofi Annan, desembarcou nesta quinta-feira em Havana para encontros com os negociadores de paz do governo colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Annan chegou procedente de Bogotá, por volta de meio-dia (14h em Brasília), informou a televisão cubana. Depois dos encontros com cada delegação, haverá uma reunião conjunta de todos os envolvidos no processo.

Na véspera, o ex-secretário-geral da ONU havia declarado que um acordo de paz entre o governo e a guerrilha deve avançar de mãos dadas com a Justiça.

"A Justiça não pode ser um impedimento para a paz. É um sócio absolutamente essencial para ela", defendeu Annan, acrescentando que a Justiça transicional "deve cumprir os requisitos mínimos internacionais".

Este tema causa profundas divisões na Colômbia e entre ambas as delegações de paz, que estão negociando desde novembro de 2012 em Havana. Segundo os rebeldes, o governo pretende levar os guerrilheiros para a prisão, após o fim do conflito armado de meio século.

"Propomos a organização e a realização de um debate nacional sobre a justiça aplicável (...). Seus resultados devem levar aos correspondentes desenhos normativos", disse à imprensa nesta quinta-feira o comandante guerrilheiro Pablo Catatumbo.

"Nós nos distanciamos de qualquer propósito de tratamento reducionista e punitivo do nosso agir guerrilheiro", acrescentou Catatumbo.

Fontes das duas delegações disseram à AFP que "é possível" que o novo enviado especial americano para o processo de paz na Colômbia, Bernie Aronson, chegue a Cuba nos próximos dias.

Uma fonte da equipe do governo explicou que Aronson terá reuniões em separado com cada delegação, sem assistir às sessões de negociação a portas fechadas, diferentemente dos diplomatas dos países "garantes" do processo de paz (Noruega e Cuba) e "observadores" (Chile e Venezuela).

"Ele não é garante do processo de paz, não é observador, não vem mediar. Vem acompanhar os temas, não vai ser parte da mesa de diálogo", esclareceu a fonte consultada pela AFP.

Washington confirmou que Bernie Aronson pode viajar para Cuba, mas não especificou a data.

"Os planos de viagem do senhor Aronson serão conduzidos pelo conteúdo das conversas e por nossas consultas com o governo colombiano. Considerando-se que as conversas acontecem em Havana, ele pode viajar para lá", disse um funcionário do Departamento de Estado americano à AFP.

Nesta quinta, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu o enviado americano. A reunião entre Santos e Aronson aconteceu na Casa presidencial de Nariño, em Bogotá, informou o governo colombiano em nota na página institucional.

"Os dois conversaram sobre a situação atual do processo e a contribuição que o enviado especial pode dar para essas negociações", resumiu a presidência.

O nome de Bernard Aronson foi anunciado na última sexta-feira. Ele já trabalhou como subsecretário de Estado para a América Latina na resolução de conflitos em El Salvador e Nicarágua.

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