Em seu último dia como presidente, o uruguaio Jose Mujica insistiu na necessidade da integração regional, extremamente defendida ao longo do seu mandato, durante a inauguração de um parque eólico binacional com a presidente Dilma Rousseff.
"Estamos muito longe de estarmos integrados, mas é a primeira vez que os governantes da América Latina se consultam, conversam, convergem", disse o ex-guerrilheiro de 79 anos que domingo passará o Executivo uruguaio ao esquerdista Tabaré Vázquez.
Mujica e Dilma inauguraram no departamento de Colônia, sudeste do Uruguai, o primeiro parque eólico construído com investimento conjunto das estatais elétricas Eletrobras e UTE.
O parque eólico integra um ambicioso plano de cooperação energética, que conta com a construção de um novo trecho de interconexão elétrica, com inauguração prevista para o primeiro semestre. O projeto deverá elevar a capacidade de intercâmbio de energia para aproximadamente 600 MW.
"Este é um símbolo em pequena escala do que temos que fazer", enfatizou Mujica.
A presidente Dilma Rousseff defendeu esse primeiro investimento da Eletrobras fora do Brasil e destacou que o projeto faz parte de um modelo integração.
"É possível a integração com os dois lados ganhando e se respeitando, gerando emprego e absorção de tecnologia para os dos países", disse Dilma.
Já na residência presidencial, os mandatários apresentaram a "matrícula Mercosul", um sistema regional de patente de veículos para o bloco.
"Este é um símbolo e tomara que se abram as portas para sucessivos gestos de coisas em comum, até chegarmos, algum dia, a discutir algumas questões econômicas que serão sempre determinantes para um processo de integração", avaliou Mujica, em uma breve declaração à imprensa.
Segundo o mandatário, se forem superadas as dificuldades que atrapalham o bloco, será possível avançar em uma discussão sobre políticas fiscais e monetárias comuns. "Se não conseguirmos, "vamos nos consolar com essas plaquinhas", ironizou se referindo à novidade do Mercosul.
Emocionada por acompanhar Mujica em seu último dia no governo, Dilma aproveitou a ocasião para elogiar "Don Pepe", e se comprometeu a trabalhar "lado a lado" com Tabaré Vázquez. Para a presidente, as relações entre os dois países continuarão avançando.