A cidade de Maiduguri, antigo reduto do grupo islâmico Boko Haram no nordeste da Nigéria, registrou neste sábado três explosões sucessivas atribuídas aos islamitas, que deixaram ao menos 58 mortos e 139 feridos, segundo um balanço atualizado. Ao menos uma das explosões foi provocada por um homem-bomba.
Muitas crianças estão entre as vítimas desses ataques atribuídos ao grupo jihadista, que atingiram dois mercados e uma rodoviária lotada. O grupo armado já realizou vários ataques em Maiduguri desde o início de sua insurreição, em 2009, chegando a tentar recentemente tomar a cidade à força.
O exército nigeriano, muito criticado por não ter sido capaz de conter a insurgência islâmica no nordeste da Nigéria, anunciou que retomou uma série de cidades das mãos do Boko Haram nas últimas semanas, com o auxílio de soldados de países vizinhos (especialmente Chade, Camarões e Níger) e de alguns militares ocidentais (França, Canadá, Estados Unidos...) posicionados na fronteira norte da Nigéria.
No primeiro ataque, um homem-bomba detonou seus explosivos no mercado de peixe de Baga às 11h20 (7h20 de Brasília), matando ao menos 18 pessoas, segundo Abubakar Gamandai, chefe de um sindicato de pescadores do estado de Borno. "A bomba fez muitas vítimas porque foi detonada em um local que estava lotado de gente", declarou o comerciante Jamuna Jarmi.
Uma hora depois, um outro ataque atingiu outro mercado de Maiduguri, o "Monday market", fazendo aos menos 15 mortos e semeando o caos. Por fim, por volta das 13H00 (9H00 de Brasília), uma terceira explosão atingiu um estacionamento localizada ao lado de uma rodoviária muito movimentada. Algumas testemunhas das duas últimas explosões evocaram homens-bomba, mas esta informação não foi confirmada.
Abubakar Gamandi, que estava no local da primeira explosão, se dirigiu ao hospital de Maiduguri para ajudar a coordenar a ajuda de emergência, onde forneceu uma avaliação inicial de 47 mortos e 50 feridos. Mas segundo dados apresentados posteriormente pelo chefe da polícia do estado de Borno, Clement Adoda, o número de mortos chega a 58 e o de feridos a 139.
De acordo com Danlami Ajaokuta, as autoridades ordenaram o fechamento de todo comércio na cidade, por causa da natureza aparentemente coordenada dos ataques. Após a confirmação das três explosões, o comissário de Justiça do estado de Borno, Kaka Shehu, acusou o Boko Haram pelas mortes, considerando se tratar de uma retaliação pelas derrotas sofridas nas últimas semanas. "Os terroristas estão furiosos com a forma como foram expulsos das cidades e aldeias que controlavam", disse ele.
As eleições presidenciais e parlamentares, já adiadas uma vez em razão da insegurança, estão programadas para 28 de março na Nigéria. As operações militares realizadas até então, tanto pelo exército nigeriano quanto pelos militares dos países vizinhos, enfraqueceram os islamitas, tornando possível a realização das eleições em áreas anteriormente controladas pelos insurgentes.
O chefe do Boko Haram, Abubakar Shekau, prometeu impedir a realização das eleições por meio de ataques violentos, aumentando os temores. Desde 2009, a insurgência islâmica e a repressão indiscriminada pelas forças da ordem nigerianas deixaram mais de 13.000 mortos.