Um amigo e partidário do opositor russo Boris Nemtsov chamou de "absurda" a hipótese de que o assassinato teria sido cometido por islamitas radicais.
Uma das hipóteses levantadas pelos investigadores é que o ex-primeiro-ministro foi assassinado por seu apoio à revista satírica francesa Charlie Hebdo, que publicou polêmicas caricaturas do profeta Maomé.
Esta teoria começou a ganhar força no final de semana, após um checheno confessar seu envolvimento no assassinato. A região instável do Cáucaso, de maioria muçulmana, foi o palco em janeiro de uma das maiores manifestações contra a publicação da caricatura de Maomé.
"A versão oficial dos investigadores é muito absurda. Na minha opinião, é o resultado de uma ordem política do Kremlin", disse à AFP Ilya Yashin, co-fundador do movimento Solidarnost, criado após a morte de Nemtsov.
O ativista indicou que Nemtsov nunca expressou qualquer palavra negativa sobre o Islã e apenas criticou o ataque jihadista à revista Charlie Hebdo em janeiro, em Paris, no qual 12 pessoas morreram.
No domingo, Zaur Dadayev, um ex-vice-comandante das forças especiais da Chechênia, foi acusado junto a um funcionário de uma empresa de segurança privada, Anzor Gubashev, pelo assassinato do líder da oposição, e estão sendo processados ??por agirem como assassinos de aluguel.
O líder checheno Ramzan Kadyrov declarou estar chocado com as prisões e chamou Dadayev de um dos "soldados mais valiosos de seu regimento", referindo-se a ele como alguém "profundamente religioso" e que, como muitos muçulmanos, ficou chocado com o conteúdo da publicação Charlie Hebdo.
"Nosso maior temor se concretizou: o autor dos disparos foi preso, mas o cérebro continua livre", disse Yashin.
O assassinato de Nemtsov em uma das áreas mais bem vigiadas da Rússia chocou a oposição russa e provocou forte condenação internacional.
Amigos e parentes do opositor, de 55 anos, dizem que ele foi morto por ordem de altos funcionários do governo para silenciar a dissidência.
Neste clima de tensão, o presidente russo Vladimir Putin concedeu nesta segunda-feira uma medalha a um dos suspeitos do assassinato do ex-agente secreto Alexander Litvinenko, envenenado com polônio em Londres em 2006.
O Kremlin anunciou uma série de condecorações, incluindo a Andrei Lugovoi, parlamentar que foi indiciado pela justiça britânica pela morte de Litvinenko, um ex-agente do serviço de segurança russo FSB e que trabalhava para o MI6 britânico.
A polícia britânica acredita que o isótopo radioativo foi colocado no chá de Litvinenko por Lugovoi e Dmitri Kovtun em um hotel de Londres em 1º de novembro de 2006.
Em uma carta escrita em seu leito de morte, Litvinenko acusou Putin de ter ordenado seu assassinato.