O governo de Cuba deu nesta terça-feira (10) seu "apoio incondicional" à Venezuela depois que os EUA declararam "situação de emergência" diante do risco representado pela crise econômica e política do país sul-americano.
Em declaração no jornal "Granma", a Chancelaria cubana chamou de "arbitrária e agressiva" a ordem de Barack Obama e a considerou uma represália às medidas intervencionistas das autoridades governamentais e do Congresso.
"Como a Venezuela ameaça os Estados Unidos? A milhares de quilômetros de distância, sem armas estratégicas e sem empregar recursos nem funcionários para conspirar contra a ordem constitucional americana", questionou a nota.
Segundo o Executivo cubano, a ordem de Obama "em um ano em que se realizarão eleições legislativas na Venezuela reafirma, mais uma vez, o caráter intervencionista da política externa americana".
Também no diário estatal cubano, o líder Fidel Castro parabenizou Maduro por seu "brilhante e valente" discurso diante dos "planos brutais" dos Estados Unidos contra seu país, em uma breve carta divulgada nesta terça-feira na ilha.
"Tuas palavras passarão para a história como prova de que a Humanidade pode e deve conhecer a verdade", disse Fidel.
Este é um dos primeiros momentos de crítica de Cuba à atuação dos Estados Unidos desde a volta das relações diplomáticas entre os dois países, em dezembro.
ALIADOS
Além de Cuba, outros países aliados do governo de Nicolás Maduro condenaram os Estados Unidos. "Se alguém toca um de nós, toca todo mundo", disse, em nota, a Alternativa Bolivariana para os Povos das Américas (Alba).
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que o pronunciamento americano é "uma tentativa clara e absolutamente ilegal de desestabilização". "Só faltou aplicar sanções aos eleitores", disse o mandatário.
Para o boliviano Evo Morales, as sanções mostram que "há, no fundo, a ameaça, por parte de Obama, de invadir a Venezuela". "Não aceitamos no século 21 este tipo de intervenção americana".
O secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Ernesto Samper, considerou a iniciativa dos EUA uma forma de radicalizar os ânimos em meio às negociações mediadas por Brasil, Colômbia e Equador.