'Pai do Anjo da Morte', o xiita que quer destruir o Estado Islâmico

Abu Azrael personifica a resposta forte e determinada que centenas de milhares de iraquianos exigem frente aos milicianos do Estado Islâmico
Da AFP
Publicado em 17/03/2015 às 12:20
Abu Azrael personifica a resposta forte e determinada que centenas de milhares de iraquianos exigem frente aos milicianos do Estado Islâmico Foto: Foto: W.G. DUNLOP / AFP


O miliciano xiita Abu Azrael, cujo nome significa "Pai do Anjo da Morte", se converteu para milhares de iraquianos no herói sem medo que simboliza o combate ao grupo Estado Islâmico (EI).

A página do Facebook de Abu Azrael - um homem corpulento, de cabeça raspada e espessa barba que perdeu o uso da mão direita em uma explosão - já obteve mais de 280.000 curtidas entre suas centenas de milhares de seguidores.

Nas redes sociais, particularmente no Twitter, se multiplicam as fotos - sejam com um helicóptero de fundo ou ao lado de um leão - e comentários elogiando o combatente xiita.

Proveniente de Bagdá, Abu Azrael, cujo verdadeiro nome é Ayub Faleh al Rubaie, popularizou o slogan "Ila tahin" (esfarelar), com o qual afirma sua determinação em esmagar o Estado Islâmico.

"Juro diante de Deus que não terei nenhuma clemência", afirmou Abu Azrael referindo-se aos jihadistas.

A AFP conversou com Abu Azrael na base militar de Speicher, perto de Tikrit, uma cidade situada 160 km ao norte de Bagdá, ocupada pelo EI em 2014 e que o exército iraquiano e as milícias tentam reconquistar.

Abu Azrael tem em sua mão esquerda um punhal e no ombro carrega um fuzil M4. Os bolsos do colete militar, onde figura um escudo com seu nome, estão repletos de munições e granadas.

Abu Azrael personifica a resposta forte e determinada que centenas de milhares de iraquianos exigem frente aos milicianos do Estado Islâmico.

Simboliza a vontade de combate necessária para apagar a vergonhosa fuga do exército diante da ofensiva jihadista de 2014.

Mas o desejo de vingança combinado com um escasso controle das milícias que combatem ao lado do exército regular pode ser perigoso.

As milícias são acusadas regularmente de violar os direitos humanos ao realizar execuções sumárias e sequestros.

Abu Azrael afirma que combateu o Estado Islâmico em meia dúzia de campos de batalha. 

Começou sua formação militar com o Exército de Mahdi, a milícia do influente chefe xiita Moqtada al-Sadr, na região de Damasco, onde participou de combates contra os rebeldes sírios que querem derrubar o presidente Bashar al-Assad.

No Iraque, Abu Azrael combateu em Amerli, uma cidade majoritariamente xiita que esteve sitiada pelos jihadistas em 2014 e onde, segundo ele, os milicianos do EI "massacraram nossos filhos com machados".

Abu Azrael diz que um dos responsáveis por este massacre morreu em combate, mas que buscou os outros dois até encontrá-los para cortar sua cabeça.

Para se justificar, Abu Azrael cita uma frase do Alcorão: "Ataque-os como te atacaram".

As declarações deste guerreiro seduzem muitos iraquianos que exigem vingança pelas atrocidades cometidas pelos jihadistas, entre elas decapitações, estupros, torturas, etc.

Abu Azrael se descreve como um homem simples, de uma família simples, pai de quatro meninas e um menino.

"Quando levo meus filhos à escola estou tranquilo. Mas diante do Estado Islâmico mostro outra face", afirma Abu Azrael, que se nega a apontar diferenças entre sunitas e xiitas.

"Todos formamos parte de um país: Iraque", afirma. Pelo Iraque, Azrael diz estar disposto a sacrificar sua vida.

"Considero-me 100% um mártir, se for a vontade de Deus. Estou disposto a morrer, agora ou mais tarde", conclui antes de partir a uma nova batalha.

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