Descrito por pessoas próximas como um profissional muito competente e sonhador, o copiloto alemão suspeito de provocar a queda do A320 da Germanwings nos Alpes franceses com outras 149 pessoas era um homem de 28 anos aparentemente sem problemas.
"Um jovem normal, de bem com a vida, que não fazia nada que saísse do normal. Ele era muito competente", relata à AFP Klaus Radke, de 66 anos presidente do clube de aeronáutica de Montabaur, pequena cidade do oeste da Alemanha.
Andreas Lubitz, suspeito de ter provocado o acidente de terça-feira, ainda vivia parte do tempo na casa dos pais, que moram em Montabaur.
A casa foi cercada nesta quinta-feira por um cordão policial e revistada.
Os vizinhos descrevem um jovem que gostava de praticar corrida de rua, junto com o irmão mais novo e a namorada, conquistando até alguns resultados expressivos em competições locais.
Curso interrompido
"Ainda não posso nem quero acreditar. Estou muito chocado. Cruzava pouco com ele, mas era sempre muito educado e simpático. Não sei se ele estava depressivo ou doente, mais nunca ouvi falar em problemas da parte dele ou de sua família", relata Johannes Rossbach, de 23 anos.
De acordo com a Lufthansa, matriz da Germanwings, Andreas Lubitz integrou em 2008 o curso de capacitação de pilotos da companhia alemã em Bremen, no noroeste do país, e se formou em 2012, antes de ser contratado em 2013.
Quando não estava em Montabaur, morava num apartamento em Düsseldorf, base da companhia Germanwings, que fazia a conexão para cidades como Barcelona, de onde era oriundo o voo que deixou 150 mortos.
Lubitz tinha 630 horas de voo, e conseguiu em 2013 a certificação da Agência Federal Americana de Aviação Civial (FAA), de acordo com o site especializado "Aviation business gazette".
A Lufthansa revelou que o copiloto tinha sido submetido a testes psicológicos previstos no curso, e chegou a interromper sua formação "por alguns meses". A direção da companhia alegou não poder comunicar o motivo desta interrupção.
"Ele era 100% apto para pilotar, seu desempenho era irretocável, nem que qualquer anomalia seja detectada", insistiu Carsten Spohr, presidente da Lufthansa.
"Não há nenhum indício sobre o que pode ter levado ele a cometer este ato horrível", resumiu.
Sem contexto terrorista
O ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, garantiu que não há "indícios de um contexto terrorista" em Lubitz.
Num comunicado de pêsames divulgado depois do acidente, mas antes de suspeitas de um acidente provocado intencionalmente, o clube de aeronáutica de Montabaur exaltava a paixão do jovem alemão pelo voo em planadores.
"Ao se tornar piloto profissional, realizou seu sonho, mas o sonho lhe custou caro, custou-lhe a vida", publicou o clube no seu site.
Desde as revelações da investigação, o site está fora do ar.
De acordo com o presidente do clube, Andreas Lubitz começou a pilotar há 14 ou 15 anos e ainda tinha realizado as horas de voo necessárias no ano passado para manter sua licença de piloto de planador.
"Era um rapaz muito gentil, engraçado, e educado", lembrou Klaus Radke, visivelmente abatido.
O outro piloto do A32O, o comandante, não foi oficialmente identificado. Ele trabalhou para as companhias alemãs Condor e Lufthansa antes de ser contratado pela Germanwings em maio de 2014.
Com mais de 10 anos de experiência de voo no grupo Lufthansa e mais de 6.000 horas de voo, passou a maior parte de sua carreira em aparelhos do tipo Airbus.
Segundo o jornal alemão Bild, ele se chamaria Patrick S. e seria pai de dois filhos.