A Igreja armênia canonizará nesta quinta-feira (23) 1,5 milhão de vítimas do genocídio armênio praticado pelos turcos otomanos na véspera da data oficial do centenário dos massacres, apesar das críticas da Turquia que rejeita a ocorrência de um genocídio.
“As almas das vítimas do genocídio vão, por fim, encontrar o repouso eterno”, disse Vardoukhi Chanakian, 68 anos, empregado nos serviços sociais de Erevan, a capital da Armênia.
Essa canonização, que vai ocorrer no final da tarde desta quinta-feira perto de Erevan, será a mais importante em termos numéricos, jamais antes feita por uma igreja cristã.
Amanhã (24), milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo diversos chefes de Estado e de governo, prestarão homenagem às vítimas destes massacres iniciados há 100 anos.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que a comunidade internacional deve impedir a repetição de um acontecimento como o genocídio armênio, “um dos mais trágicos da história da humanidade”. Putin viaja amanhã para a Armênia onde participará das cerimônias.
O ofício da canonização será celebrado pelo chefe da igreja armênia, o catholicos Karekin II, em Etchmiadzin, a cerca de 22 quilômetros de Erevan, num edifício do século IV considerado a mais antiga catedral cristã do mundo.
Ao canonizar estas vítimas “a Igreja limita-se a reconhecer os fatos, isto é, o genocídio”, declarou Karekin II. “Para nós, armênios, é uma obrigação moral e um direito recordar-nos de 1,5 milhão dos nossos que foram mortos e centenas de milhares de pessoas que sofreram provações desumanas”, ressaltou por sua vez o presidente da Armênia, Serge Sarkissian.
O genocídio é reconhecido por cerca de 40 países, mas negado por dezenas de outros, incluindo a Turquia. A versão oficial turca reduz a 500 mil o número de armênios mortos entre 1915 e 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, e afirma que eles são vítimas de guerra, resultado de uma violência étnica exercida entre ambas as direções.