Prestes a enfrentar a sua primeira eleição, Máximo Kirchner, o herdeiro de dois presidentes que comandam a Argentina há 12 anos, tem uma presença tímida na política de sua terra natal.
Moradores e políticos de Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz, berço da família K, descrevem Máximo como discreto e fechado a um pequeno círculo de pessoas de sua confiança.
Candidato da oposição à prefeitura da capital, o radical Pablo Fadul diz que conversou com Máximo uma vez, num evento de família, e percebeu que o herdeiro Kirchner tem interesse pela política.
"É uma pessoa bem informada sobre a política. Lê, estuda e tem opinião própria", contou o político do partido concorrente.
Aos 38 anos, Máximo será candidato a deputado federal pela província de Santa Cruz, com o primeiro nome inscrito na lista de candidatos da Frente para a Vitória -o que praticamente lhe garante a eleição.
Na escola onde estudou, a República da Guatemala, que fica no calçadão de Río Gallegos, um ex-professor evita detalhes sobre o interesse do agora político no assunto. "Ele era um menino normal, como os outros. Era muito jovem ainda [para militar]".
Máximo despertou para a política não faz muito tempo, depois da morte do pai, Néstor Kirchner, em 2010. Fez apenas uma aparição pública: um comício para militantes do movimento de juventude kirchnerista La Cámpora, em setembro de 2014.
"Não há sobrenomes milagrosos, há projetos políticos que são projetos de vida, de país", declarou na ocasião.
Neste ano, as duas únicas aparições de Máximo foram registradas na imprensa nacional. Ele concedeu uma entrevista a uma rádio simpática ao governo para negar ter contas no exterior, como apontou a imprensa.
Em abril, fez uma caminhada na cidade de Piedra Buena, em Santa Cruz, junto com militantes do La Cámpora -movimento que teria ajudado a fundar.
Até o último sábado (20) ninguém sabia para qual cargo Máximo se apresentaria nestas eleições. Sua candidatura, porém, era tida como certa entre analistas, que enxergam na carreira política a chance de Máximo manter o legado da família e obter foro privilegiado para evitar o julgamento em supostos casos de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro em investigação na Justiça.
Na última quinta-feira (18), na sede da La Cámpora em Río Gallegos, os seguidores de Máximo ainda não sabiam se o líder tentaria ser prefeito da capital de Santa Cruz ou se postularia outra função. Havia chance de ele ainda concorrer a deputado federal pela província de Buenos Aires, usando o sobrenome para arrastar votos no principal colégio eleitoral do país.
"Ninguém sabe [se será candidato], todos saberemos no sábado à noite", disse um jovem camporista, sem querer dar muita informação a uma jornalista.
Os Kirchner não são muito afeitos a responder perguntas da imprensa. A presidente Cristina não dá entrevistas em seu país e Máximo segue a linha do silêncio com os meios de comunicação. Nem nas redes sociais -muito apreciadas por sua mãe, usuária ativa do Twitter e do Facebook- Máximo se comunica com seus seguidores.
Na imobiliária onde ele trabalha, no Centro de Río Gallegos, uma funcionária sugeriu deixar uma carta para o filho da presidente. Em sua casa, um guarda-costas não deixou tocar a campainha. "Ele não está, foi para Buenos Aires".
Máximo vive em Santa Cruz com a mulher, Rocío e o filho, Néstor Ivan, de quase dois anos, em uma casa de dois andares, recentemente ampliada, no bairro de classe média de APAP. Mora no mesmo lugar onde começaram os Kirchner, que entraram para a política há quase 30 anos, quando Néstor elegeu-se prefeito de Río Gallegos.
Mas a decisão sobre o futuro de Máximo não foi definida ali, mas em Buenos Aires, a cerca de 3.000 quilômetros ao Norte, onde a família Kirchner busca definir o seu futuro na política.
Desde a Casa Rosada, foram traçadas as estratégias para as próprias carreiras e as articulações para manter os aliados no próximo governo.
Após a confirmação de sua candidatura, a agência estatal Télam divulgou uma declaração atribuída a Máximo:
"Para mim é um orgulho representar a província de Santa Cruz."