Os EUA espionaram, desde ao menos 2006 e até 2012, os três últimos presidentes franceses.
A informação de que Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande foram espionados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) foi revelada nesta terça (23) pelo diário francês "Libération" e pelo site Mediapart a partir de documentos do WikiLeaks.
Além dos três chefes de Estado, foram espionados alguns de seus colaboradores próximos, entre eles diplomatas e chefes de gabinete.
Laurent Joffrin, diretor do "Libération", disse à televisão BFMTV que a operação do serviço de informação americano foi de grande envergadura.
O jornal obteve os textos espionados, com as datas das ligações e os números de telefones grampeados.
Os documentos do WikiLeaks incluem cinco relatórios de análises da NSA destinados aos serviços secretos norte-americanos e dois também para países com os quais Washington tem uma parceria especial nesta área (Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Reino Unido).
"Ainda que os relatórios tenham sido catalogados como 'altamente confidenciais', não há realmente segredos de Estado", reconheceu o "Libération".
As últimas análises da agência disponíveis, com data de 22 de maio de 2012, relatam, entre outras coisas, reuniões secretas no final de 2011 sobre uma possível saída da Grécia da zona do euro.
Revelam também a preocupação do ex-primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault, ante possível ira do chanceler alemã, Angela Merkel, se soubesse do encontro de Hollande, então recém-eleito, com a oposição social-democrata da Alemanha.
Outro texto, da época do governo de Nicolas Sarkozy (2007-2012), indica como o líder conservador se dizia o único homem capaz de resolver a crise financeira de 2008 e como se queixou, em 2010, do recuo dos EUA em relação a uma proposta de um acordo de cooperação bilateral na área de inteligência.
O "Libération" ressaltou que os documentos publicados são apenas uma parte das atividades de espionagem da NSA com líderes franceses.
Numa primeira reação às revelações sobre essas escutas, fontes próximas a Hollande citadas pelo jornal indicaram que, quando o presidente esteve em Washington, em fevereiro de 2014, recebeu o compromisso de Barack Obama de que as escutas indiscriminadas com países aliados terminariam.