Mensagens conciliadoras na reta final das negociações nucleares com Irã

Segundo uma nova lei, se o Congresso americano receber o texto do acordo antes de 9 de julho, terá 30 dias para se pronunciar, mas além desta data, disporá de 60 dias para examiná-lo
Da AFP
Publicado em 03/07/2015 às 20:13
Segundo uma nova lei, se o Congresso americano receber o texto do acordo antes de 9 de julho, terá 30 dias para se pronunciar, mas além desta data, disporá de 60 dias para examiná-lo Foto: Foto: Glen Johnson/ US Department Of State


Os Estados Unidos e o Irã emitiram mensagens conciliadoras nesta sexta-feira (3), na reta final das negociações sobre o programa nuclear de Teerã: enquanto o chanceler americano, John Kerry, saudou "um autêntico esforço" das partes, o iraniano Mohamad Zarif assegurou que um acordo está "mais perto do que nunca".

Kerry afirmou que todas as partes fazem um "esforço autêntico" para tentar alcançar um acordo, mas destacou que "ainda resta muito trabalho".

"Temos pontos difíceis, mas há um esforço autêntico de todos para sermos sérios nisto e compreender que trabalhamos pressionados pelo tempo. Vamos continuar trabalhando. Esta noite, amanhã, no domingo (...). As duas partes trabalham muito intensamente, com boa vontade, para avançar e estamos avançando", disse Kerry antes de uma reunião com o colega iraniano.

Todas as partes entendem "as obrigações de calendário", disse, em alusão ao domingo, data limite para se alcançar oficialmente um acordo.

Segundo uma nova lei, se o Congresso americano receber o texto do acordo antes de 9 de julho, terá 30 dias para se pronunciar, mas além desta data, disporá de 60 dias para examiná-lo.

Zarif declarou, por sua vez, que o Irã e as potências do grupo 5+1 estão mais perto do que nunca de um acordo duradouro.

"Apesar de algumas diferenças, estamos mais perto do que nunca de um acordo. Mas nada está garantido", declarou em inglês do terraço de sua suíte, em um hotel vienense.

"Estamos dispostos a abrir novos horizontes para enfrentar desafios importantes e comuns. Hoje em dia, a ameaça comum é o rápido desenvolvimento do extremismo violento e a barbárie sem limites", declarou Zarif.

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, declarou que o Irã e a agência têm "um melhor entendimento" para solucionar os pontos delicados, mas advertiu que é preciso trabalhar mais.

"Acho que as duas partes têm um entendimento melhor (...), mas é preciso trabalhar mais", afirmou Amano após uma visita a Teerã, onde se reuniu com o presidente iraniano, Hassan Rohani, e com Ali Shamjani, secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional.

A AIEA suspeita que Teerã tenha feito pesquisas pelo menos até 2013 para desenvolver a bomba atômica e quer ter acesso aos cientistas envolvidos, aos documentos e às instalações militares que poderiam ter abrigado estas pesquisas.

O Irã rejeita estas acusações, indicando que as provas apresentadas pela AIEA de atividades na área nuclear estariam baseadas em dados equivocados de inteligência entregues pela CIA e o Mossad israelense.

As potências dizem ser vital que avancem as investigações da AIEA, o que pode exigir que a agência visite instalações nucleares antes de um acordo final, que esperam poder concluir na próxima terça-feira.

A AIEA publicou em 2011 um informe sobre as "possíveis dimensões militares" (PMD) do programa iraniano, baseado em informação abundante e "confiável". 

Abbas Araghchi, um dos principais negociadores iranianos em Viena, declarou a meios de comunicação iranianos nesta sexta-feira que Teerã está "disposto a cooperar com Amano para que se prove que as acusações contra a República Islâmica não têm fundamento".

"(A visita de Amano) foi um êxito e esperamos poder fazer avanços no tema da PMD", disse Araghchi, vice-ministro das Relações Exteriores. 

Além do tema da PMD, outros pontos delicados da negociação versam sobre o calendário de suspensão das sanções e as futuras pesquisas e desenvolvimentos de equipamento nuclear do Irã.

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