O exército ucraniano confirmou nesta sexta-feira (3) a retirada dos separatistas pró-russos da cidade estratégica de Shirokino, situada perto do povoado ucraniano de Mariupol, mas os soldados se mostram céticos e dizem temer uma armadilha dos rebeldes.
"Os rebeldes abandonaram a cidade em ruínas de Shirokino", situada a uma dezena de quilômetros de Mariupol, última grande cidade da zona em conflito ainda sob controle das forças ucranianas e palco há meses de intensos combates, declarou um porta-voz do exército ucraniano, Olexander Motozianyk.
"Eles se retiraram a leste, em direção às localidades de Sajanka e Bezimené", declarou, confirmando o anúncio dos rebeldes no dia anterior.
Interrogados pela AFP, os soldados ucranianos em terra consideraram que se tratava de uma retirada tática e que as hostilidades podem ser retomadas a qualquer momento.
"Retiraram suas tropas permanentes, o que não tem nenhuma influência sobre a situação. Existe sempre uma ameaça de ataque com tanques e artilharia, que se encontram próximos", comentou o comandante adjunto do batalhão Donbass.
"Os rebeldes não respeitam em absoluto os acordos de Minsk que preveem a retirada do armamento pesado", declarou, em referência aos acordos de paz assinados em fevereiro graças a uma mediação franco-alemã e na presença do presidente russo Vladimir Putin.
Estes acordos estipulam a instauração de uma trégua, que entrou em vigor no dia 15 de fevereiro, assim como a retirada do front das armas de um calibre superior a 100 metros.
Para Pavlo, outro membro do batalhão Donbass, subordinado ao ministério ucraniano do Interior, trata-se de uma armadilha dos rebeldes.
"Isso não é uma trégua. Se preparam (para uma ofensiva) e nós estamos preparados" para repeli-la, afirmou.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, estimou no fim de junho que havia "um risco de retomada de combates", já que a Rússia "seguia apoiando os separatistas".
Kiev e os ocidentais acusam o Kremlin de fornecer armas aos rebeldes e de ter mobilizado suas tropas. Moscou desmente qualquer envolvimento no conflito, que deixou mais de 6.500 mortos desde abril de 2014.