"Líderes eternos", como os que existem nas ditaduras, não têm lugar na Igreja, afirmou o papa Francisco, dirigindo-os aos líderes de movimentos católicos.
De acordo com a Santa Sé, que publicou neste sábado (4) o texto de seu longo discurso improvisado, o Papa se expressou na sexta-feira (3) à tarde na Praça de São Pedro diante de dezenas de milhares de membros do Congresso Nacional da Renovação Carismática, movimento que insiste nos "dons" do Espírito Santo, como os pentecostais.
Referindo-se a "casos tristes" de líderes leigos de movimentos eclesiais que acreditam ser "insubstituíveis" e "eternos", o Papa afirmou que "devemos prever um tempo limitado para os cargos, que são em realidade serviços".
"Para todos os serviços na Igreja, é bom que tenham um vencimento, não há líderes eternos na Igreja. Isso acontece em alguns países onde há ditadura", disse ele.
O Papa criticou ainda a tentação do poder. "O diabo entra sempre pela carteira", afirmou.
Francisco criou polêmica ao afirmar com insistência que a renúncia de Bento XVI foi um grande gesto e que tinha um precedente legítimo. Ele deu a entender que não descarta seguir o exemplo, apesar de nunca ter dito que renunciaria.
Para alguns católicos tradicionais, o Papa, "vigário de Deus na Terra", escolhidos pelos cardeais sob a inspiração do Espírito Santo, deve permanecer como pontífice até seu último suspiro.