Pressionado pelos Estados Unidos a aliviar a dívida grega, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, propôs que os países trocassem a Grécia por Porto Rico, Estado Livre Associado aos EUA cuja dívida supera US$ 72 bilhões e já foi classificada como "impagável" pelo governador porto-riquenho.
"Eu ofereci ao meu amigo Jack Lew [Secretário do Tesouro dos EUA] aceitar Porto Rico na zona do euro se os EUA estivessem dispostos a receber a Grécia na união do dólar. Ele pensou que fosse uma piada", disse o ministro alemão em uma conferência em Frankfurt, de acordo com o "Financial Times".
Nesta quinta (9), Schaeuble elogiou o novo ministro das Finanças grego, Euclides Tsakalotosch, por sua abordagem "mais convencional" do que a de seu antecessor Yanis Varoufakis, mas insistiu que a Grécia deve começar a implementar reformas imediatamente, mesmo antes de um acordo com os credores para um novo socorro.
"Apenas façam isso [as reformas]. Esse passo já ganharia uma incrível quantidade de confiança", afirmou Schaeublet.
GRÉCIA E OS CREDORES
A Grécia enviou ao Eurogrupo nesta quinta (9) as propostas detalhadas de como o país cumprirá as condições para receber nova ajuda financeira. O órgão europeu não fará nenhum comentário sobre o conteúdo das propostas até a conclusão de uma avaliação dos planos gregos pelas instituições responsáveis.
Bancos gregos estão fechados desde 29 de junho, quando controles sobres capitais foram impostos e os saques em espécie foram limitados, seguindo o colapso de negociações anteriores para um resgate ao país.
A Alemanha, o maior credor, deu um pequeno passo de concessão a Atenas, ao concordar que a Grécia precisará de certas reestruturações da dívida como parte de um programa de empréstimos de três anos que viabilizaria sua economia.
A posição do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaeuble, foi revelada horas antes do prazo dado à Grécia, que precisa convencer parceiros europeus a conceder outro empréstimo.
A Grécia já possui dois resgates no valor de 240 bilhões de euros vindos da zona do euro e do FMI (Fundo Monetário Internacional). Desde que a crise começou, sua economia despencou, o desemprego subiu acima de 25% e um a cada dois jovens no país está fora do mercado de trabalho.
Schaeuble, que não esconde suas dúvidas sobre a capacidade de a Grécia permanecer na zona do euro, disse durante uma conferência em Frankfurt: "A sustentabilidade da dívida não é viável sem um corte e acho que o FMI está correto ao dizer isso."
Mas acrescentou: "Não pode haver um corte, porque violaria o sistema da União Europeia."
Ele não ofereceu solução para o enigma, o que sugere que o problema da dívida da Grécia pode não ser resolvido dentro da zona do euro. Porém, disse que havia um espaço limitado para renegociar a dívida grega, estendendo prazos dos empréstimos, reduzindo as taxas de juros e alongando uma moratória sobre os pagamentos do serviço da dívida.
Schaeuble também reclamou que não tinha visto qualquer sinal de "ações prévias" por parte do governo grego.