O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta sexta-feira (31) que enviará cães farejadores e novas cercas para reforçar a segurança no Eurotúnel, que liga a França à Inglaterra.
A medida visa conter o fluxo de imigrantes que tentam usar a passagem pelo canal da Mancha. Nos últimos dias, milhares de pessoas se arriscaram ao acessar os trilhos da ferrovia pelo lado francês.
Em entrevista após uma reunião da comissão de segurança, Cameron disse que esta situação não é aceitável, mas que deverá perdurar pelo menos até setembro, quando termina o verão no hemisfério Norte.
"Este será um grande problema durante este verão. Estamos trabalhando nisso em absoluto. Sabemos que vamos precisar trabalhar mais. Não estamos descartando nenhuma possibilidade para lidar com este sério problema."
O britânico disse que acertará os detalhes da ajuda com o presidente da França, François Hollande, e agradeceu ao francês por reforçar o policiamento na região. Para ele, a iniciativa francesa surtiu efeito.
O Ministério da Defesa britânico ainda tentará desviar parte das carretas que saem das ilhas britânicas em direção ao continente. Os veículos formam filas quilométricas diante da diminuição das atividades no porto de Dover.
PRESSÃO INTERNA
Três meses depois de receber seu segundo mandato como primeiro-ministro, Cameron volta a ser alvo de críticas na questão migratória. Na quinta (30), ele ameaçou deportar os imigrantes ilegais que chegarem pelo Eurotúnel.
O chefe de governo defendeu mudanças nas leis para evitar que os imigrantes consigam asilo ou refúgio na Europa e estabilizar os países de origem do que chamou de "enxame de pessoas".
"Nós temos que lidar com o problema em sua fonte e isto é impedindo que eles tentem cruzar o Mediterrâneo em busca de uma vida melhor. Isto significa estabilizar os países de onde eles vêm, e isto também significa quebrar a ligação entre viajar e conseguir o direito de ficar na Europa".
As frases provocaram polêmica no Reino Unido. A Comissão de Refugiados disse que as declarações foram "terríveis e desumanas para um líder mundial", enquanto o trabalhista Andy Burnham as chamou de "vergonhosas".
Segundo a polícia, houve mais de mil tentativas de invasão ao Eurotúnel durante a noite. Os números são menores que os das duas primeiras noites, quando um sudanês foi morto atropelado por um trem.