Hillary e Sanders travam duelo cordial no primeiro debate democrata

O primeiro debate da corrida presidencial americana aconteceu na noite desta terça (13) em Las Vegas
Da Folhapress
Publicado em 14/10/2015 às 7:59
O primeiro debate da corrida presidencial americana aconteceu na noite desta terça (13) em Las Vegas Foto: Foto: AFP


Havia cinco políticos no palco do primeiro debate entre os pré-candidatos à Casa Branca do partido Democrata na noite desta terça-feira (13) em Las Vegas. Mas, como se esperava, os dois líderes nas pesquisas travaram um duelo particular, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders, sem uma vitória clara para nenhum dos lados.

Apesar de algumas trocas de farpas, foi um duelo cordial na maior parte do tempo. Talvez por ser ainda o primeiro debate de uma longa corrida presidencial, Hillary e Sanders preferiram não bater de frente um com o outro - em alguns pontos até manifestando apoio à posição do adversário.

Em sua segunda tentativa de se tornar a candidata democrata à Casa Branca, depois de perder para Barack Obama em 2008, Hillary Clinton pareceu estar preparada para as questões mais duras sobre sua personalidade, a começar pela tendência a mudar de opinião ao sabor dos ventos políticos.

Entre os exemplos citados pelo mediador do debate estavam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o qual ela contra e agora é a favor, e o Tratado Transpacífico (TTP), concluído na semana passada.

Como secretária de Estado de Obama ela defendia o mega-acordo comercial, mas agora se opõe a ele. "A senhora dirá qualquer coisa para ser eleita?", provocou o jornalista Anderson Cooper, da CNN, mediador do debate.

"Como a maioria dos seres humanos, eu absorvo novas informações", disse Hillary, explicando por que mudou de ideia sobre o TTP. "Ele não atingiu meus padrões, que são mais empregos, bons empregos para os americanos e aumentar salários para os americanos", disse a ex-secretária de Estado.

'SOCIAL-DEMOCRATA'

Crítico contumaz da "ganância" do mercado financeiro, o senador Bernie Sanders voltou a se definir como "social-democrata". Questionado se se considerava um capitalista, após ser lembrado que passou sua lua de mel na antiga União Soviética, titubeou por um momento, antes de responder.

"Se me considero parte do cassino capitalista em que tão poucos têm tanto e tantos têm tão pouco e em que a ganância e o desleixo de Wall Street destruíram esta economia? Não", disse ele. "Eu acredito numa sociedade em que todos estão bem, não apenas um punhado de bilionários".

Um momento do debate simbolizou a relativa cordialidade com que transcorreu o primeiro debate do partido governista. Pressionada sobre o tema mais constrangedor em sua campanha, o uso que fez de um servidor privado quando estava no governo para enviar e-mails de trabalho, Hillary respondeu que havia admitido que fora um erro. E acusou a oposição republicana de inflar a controvérsia para minar sua campanha. Mas foi Sanders que fechou o assunto, ao ir em seu socorro.

"O povo americano está farto de ouvir sobre esses malditos e-mails", disse Sanders, acrescentando que é preciso se concentrar no que interessa, como o "colapso da classe média". Agradecida, Hillary apertou a mão do senador, que respondeu com um de seus raros sorrisos do debate.

COADJUVANTES

Os demais três pré-candidatos tiveram participação discreta -os ex-governadores Lincoln Chafee e Martin O'Malley e o ex-senador Jim Webb.

Em geral, os pré-candidatos mantiveram uma distância respeitosa não apenas uns dos outros, mas também do presidente Barack Obama, sem fazer grandes críticas à sua gestão. Mas Sanders e Hillary tiveram alguns choques. Hillary criticou Sanders por não ser duro o bastante em relação ao controle de armas.

Sanders, por sua vez, criticou a proposta da ex-secretária de Estado de estabelecer uma zona de exclusão aérea na Síria, insinuando que poderia arrastar os EUA para o conflito. E ressaltou que jamais apoiaria uma intervenção terrestre americana na Síria.

Questionada se seria uma mera continuação do governo Obama, Hillary sorriu. "Obviamente que não. Para começar, serei a primeira mulher presidente da história dos EUA", disse.

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