O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse neste domingo (3) que está "profundamente consternado" com a execução deste sábado (2) de 47 pessoas na Arábia Saudita, incluindo a do religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr. Segundo o porta-voz da ONU, Ban Ki-moon apelou à calma nas reações às mortes.
Nimr al-Nimr, que passou mais de uma década estudando teologia no Irã e foi o impulsionador dos protestos xiitas contra o governo saudita desde 2011, foi um dos 47 xiitas e sunitas executados sábado na Arábia Saudita. Sua morte provocaram violentos protestos no Irã.
Ban Ki-moon apelou “à calma e à moderação nas reações à execução de Nimr al-Nimr e pediu a todos os dirigentes da região para tentar evitar o agravamento tensões sectárias", acrescentou o porta-voz da ONU.
A morte do líder religioso xiita provocou violentos protestos contra a embaixada da Arábia Saudita em Teerã.
O líder supremo do Irã, ayatollah Ali Khamenei, advertiu que a Arábia Saudita vai sofrer uma “vingança divina” pela execução de “um mártir”, que foi morto “injustamente”.
ANISTIA INTERNACIONAL
A Anistia Internacional também condenou a execução de 47 pessoas na Arábia Saudita. “O assassinato de al-Nimr sugere que as autoridades da Arábia Saudita estão empregando a pena de morte em nome do antiterrorismo para ajustar contas e oprimir os dissidentes”, criticou, em comunicado, o diretor da Anistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.
Para a Anistia Internacional, cumprir essas sentenças de morte, “quando há sérias dúvidas sobre a legitimidade do julgamento, é uma justiça monstruosa e irreversível”.
Nesse sábado, foram executadas 47 pessoas por acusação de terrorismo, entre as quais a Nimr Baqir al-Nimr, figura da contestação contra o regime saudita.
O dirigente religioso xiita Nimr Bager al-Nimr, um crítico feroz do regime saudita, foi condenado à morte em outubro de 2014 por rebelião, “desobediência ao soberano” e “porte de armas”.
Nimr Bager esteve na liderança dos protestos da população xiita em 2011 e 2012 no Leste da Arábia Saudita, onde são maioritários, num país em que predomina o islamismo sunita, praticado por 85% dos 30 milhões de habitantes.