Oposição assume o Parlamento em uma Venezuela em crise

A Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro prestará juramento em um ato marcado por um clima de tensão, com manifestações previstas por militantes dos dois lados
Da AFP
Publicado em 05/01/2016 às 11:24
A Assembleia Nacional eleita em 6 de dezembro prestará juramento em um ato marcado por um clima de tensão, com manifestações previstas por militantes dos dois lados Foto: Foto: PRESIDENCIA VENEZUELA / AFP


Encerrando 17 anos de hegemonia chavista na Venezuela, a oposição assume nesta terça-feira (5) o comando do Parlamento em um país mergulhado numa severa crise econômica e convulsão política.

Com arrasadora maioria opositora de 112 deputados contra 55 governistas, a Assembleia Nacional eleita nas históricas eleições de 6 de dezembro para os próximos cinco anos prestará juramento em um ato marcado por um clima de tensão, com manifestações previstas por militantes dos dois lados.

Em um pedido de calma, o presidente Nicolás Maduro, afirmou na noite de segunda-feira (4) que determinou às forças de segurança que garantam uma instalação pacífica do novo Parlamento.

"Dei ordens expressas ao ministro do Poder Popular do Interior, Justiça e Paz, general González López, para que tome todas as medidas para garantir a instalação em paz da Assembleia Nacional, com tranquilidade", disse Maduro em mensagem à Nação.

Maduro revelou que as autoridades se reuniram com representantes da oposição para coordenar "todas as medidas de proteção" para que "possam sair, cantar suas canções e gritar seus slogans em um perímetro suficiente para que a passagem à Assembleia Nacional não seja obstruída".

O presidente disse que a oposição se concentrará na esquina de La Hoyada, próximo ao Palácio Legislativo, enquanto os chavistas marcharão pela Avenida Urdaneta.

Maduro pediu aos chavistas que "evitem provocações", mas advertiu que a oposição "não respeita nem regras nem leis", e alertou para a possibilidade de um "plano golpista".

"No 5 de janeiro, dia de paz, que se instale o Parlamento burguês e os revolucionários a trabalhar, retificar, lutar e construir".

Mais cedo, o presidente do novo Parlamento, o opositor Henry Ramos Allup, se disse "convencido de que a Força Armada Nacional garantirá o cumprimento de um ato previsto na Constituição", ao comentar a instalação da Assembleia, na terça-feira.

O veterano dirigente, eleito pela opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), disse que uma comissão opositora recebeu informações "positivas" das autoridades militares sobre impedir a ação de "grupos violentos" ligados ao partido do governo.

Ramos Allup garantiu que a força militar velará pela segurança nos arredores e na entrada da Assembleia.

A MUD convocou a população para "acompanhar" seus deputados em uma marcha ao Congresso nesta terça-feira, mas os chavistas também decidiram se manifestar com um ato de "combate permanente nas ruas" para "vencer" a oposição de "direita fascista".

Ramos Allup disse ainda que "nenhuma sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) pode suspender uma totalização que já se produziu", ratificando a decisão da MUD de desafiar o TSJ e dar posse aos 112 deputados opositores.

O TSJ suspendeu temporariamente a diplomação de três deputados da MUD eleitos pelo estado do Amazonas (sul), o que poderá impedir sua posse nesta terça-feira, ameaçando a maioria qualificada de dois terços (112 de 167 cadeiras) da oposição.

Sobre a polêmica, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, exigiu nesta segunda-feira que se mantenha o poder militar fora da discussão gerada pela decisão do TSJ.

"Não corresponde à FANB (Força Armada Nacional Bolivariana) elucidar e muito menos arbitrar decisões do TSJ", escreveu Padrino no Twitter.

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