Trump e Sanders: dois extremos a caminho da Casa Branca

Donald Trump e Bernie Sanders figuram como postulantes inesperadamente competitivos para o posto de presidente dos Estados Unidos
MARCOS OLIVEIRA
Publicado em 31/01/2016 às 6:25
Donald Trump e Bernie Sanders figuram como postulantes inesperadamente competitivos para o posto de presidente dos Estados Unidos Foto: Fotos: AFP


A partir desta segunda-feira(1º), com o resultado das primárias do estado de Iwoa, os eleitores americanos começarão a conhecer de fato os dois candidatos que vão disputar a eleição presidencial deste ano. De certo, apenas uma nuance: a imprevisibilidade é uma tônica que faz o republicano Donald Trump e o democrata Bernie Sanders figurarem como duas surpresas competitivas que estão revirando de ponta cabeça o establishment dos dois partidos. Algo impensável há um ano, quando o franco favoritismo indicava que seria um pleito polarizado entre Jeb Bush e Hillary Clinton. 

Por ser o primeiro ponto de parada da primária e do caucus dos partidos(entenda mais na arte), o pequeno estado com pouco mais de 3 milhões de pessoas assume status de grande ao apontar qual é a tendência do eleitorado. Levantamento do Wall Stret Journal, publicano na quinta-feira(28), mostra que o falastrão bilionário Trump tem 32% das intenções de voto, contra 25% do senador ultra-conservador Ted Cruz, ambos republicanos.

Doutorando em ciência política no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Renato Lima analisa que Trump, ex-apresentador do programa de TV ‘O Aprendiz’, faz uso dessa retórica televisiva para envolver os eleitores. Porém, com promessas vazias. “Ele faz comícios prometendo ‘fazer a América grande outra vez’ trazendo empregos de outros países, combatendo a migração ilegal e deportando 11 milhões de pessoas que estão nos EUA. Trump nunca entra nos detalhes de como fazer essas coisas. Quem é da América Latina reconhece fácil esse estilo “caudilho” que Trump está imprimindo à corrida presidencial desse ano”, afirma Renato, que é brasileiro.

Do lado Democrata, os partidários de Hillary convivem com o fantasma de 2008, quando ela - assim como ainda é considerada agora - era a favorita, mas perdeu para Barack Obama. Receio que cresce com a consolidação da figura de Bernie. Em Iwoa, ela figura com 48%, seguida de perto pelos 45% do adversário. Uma margem muito apertada para quem trabalha numa candidatura desde antes daquelas hoje distantes primárias perdidas para Obama. O sociólogo e especialista em eleições americanas Paul Williamson, da Universidade Johns Hopkins, destaca que esse crescimento de Bernie “vem na toada de temas caros ao americano jovem, como a desigualdade” e do cansaço deles com a figura sempre presente há anos de Hillary. 

Embora nenhum dos dois figurassem nas primeiras posições há um ano - no caso de Bernie, nem há três meses - os especialistas afirmam ter uma lógica nesse crescimento. Já que ambos se vendem como outsiders, num ano em que o eleitorado mostra rejeição grande a candidatos tradicionais. “A dificuldade Bernie é ser um socialista num país que rejeita essa terminologia”, pontua Renato. Enquanto isso, Hillary Clinton e Ted Cruz e os outros candidatos tentam correr para impedir que um “extremista” ou um “socialista” siga e venha a tomar posse em 2017 como o 45º presidente americano. 

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