Hillary Clinton venceu as primárias na Califórnia, um triunfo emblemático que a reafirmou como candidata do Partido Democrata na disputa pela Casa Branca, um marco histórico para as mulheres nos Estados Unidos que foi elogiado pelo presidente Barack Obama.
"Graças a vocês, alcançamos um marco. Pela primeira vez na história do nosso país uma mulher é indicada por um dos grandes partidos", declarou Hillary, 68 anos, ao discursar no Brooklyn, em Nova York.
"A vitória desta noite não é apenas de uma pessoa, ela pertence a uma geração de mulheres e homens que lutaram e se sacrificaram para que este momento fosse possível", que é parte na longa história do avanço dos direitos das mulheres e das minorias, completou.
Clinton também teve palavras elogiosas para o seu rival na disputa interna democrata, Bernie Sanders, que pouco depois anunciou que não pretende abandonar a corrida eleitoral.
"Quero felicitar o senador Sanders por sua extraordinária campanha", disse a candidata, que deseja ter a seu lado nas eleições de novembro os jovens entusiasmados que apoiam o político veterano.
"Seu vigoroso debate a favor do aumento dos salários, da redução das desigualdades e das possibilidades de ascensão fizeram muito bem ao Partido Democrata e aos Estados Unidos", completou.
Sanders, no entanto, afirmou pouco depois na Califórnia que permanecerá na disputa.
"Vamos lutar duro para vencer a primária em Washington", declarou, em referência à última votação interna, na próxima terça-feira na capital americana.
"E então levaremos nossa luta por justiça social econômica, racial e ambiental à Filadélfia", completou, a respeito da cidade que receberá em julho a convenção democrata que deve nomear formalmente o candidato à presidência.
O presidente Obama, que até agora havia permanecido à margem da disputa interna democrata, ligou para os dois pré-candidatos.
Obama "felicitou" Clinton por ter "assegurado" a indicação, com uma "campanha histórica", e "agradeceu" a Sanders por ter "energizado milhões de americanos" com sua mensagem contra a desigualdade econômica e os grupos de interesse na política.
Munição contra Trump
O triunfo de Hillary Clinton teve como trilha sonora os gritos de seus simpatizantes, divididos entre o alívio, a emoção e a alegria.
"Se os americanos não a elegerem será uma vergonha", disse a obstetra Ellen Landsberger, que assistiu ao discurso de Hillary com uma camisa com a frase "O lugar de uma mulher é na Casa Branca".
Clinton, de 68 anos, dedicou parte do discurso ao rival na eleição presidencial, o virtual candidato republicano, o magnata Donald Trump.
"Está claro que Donald Trump não acredita que unidos somos mais fortes (...). Ele quer ganhar promovendo o medo e esfregando sal nas feridas (...). E recordando diariamente como é grande", disse, de modo irônico.
Ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado, Hillary Clinton fez sua reivindicação oito anos depois de perder a indicação presidencial para o então senador Barack Obama.
A candidata venceu em Nova Jersey, Novo México, Dakota do Sul e Califórnia, quatro dos seis estados que realizaram primárias na terça-feira.
Sua vitória na Califórnia, o estado mais populoso dos Estados Unidos, teve um caráter emblemático e permitirá a Hillary chegar à convenção partidária com mais força e serenidade. Sanders venceu as primárias em Dakota do Norte e Montana.
Trump havia atacado de maneira prévia Hillary Clinton em um discurso em um de seus campos de golfe na região de Nova York, em uma antecipação da campanha de ataques pessoais que deseja lançar contra a candidata democrata, o que inclui seu marido, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001).
"Os Clinton transformaram o enriquecimento pessoal em uma arte", afirmou, citando os financiamentos da Fundação Clinton.
Ao contrário de seu estilo, o magnata imobiliário leu o discurso de um teleprompter, uma prática que ele mesmo criticou no passado, mas o que denota a intenção de colocar ordem em sua campanha, após uma semana de polêmicas no campo republicano.
Quando criticou um juiz por suas origens mexicanas, o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, criticou o comentário racista de Trump.
Pressão contra Sanders
Hillary Clinton havia superado na segunda-feira o número de delegados necessários (2.383) para garantir a indicação durante a convenção democrata, de 25 a 28 de julho na Filadélfia.
Sanders não levou a informação em consideração e reiterou que prosseguirá com sua campanha, mas a pressão interna é cada vez maior.
"Bernie sabe melhor do que ninguém o que está em jogo nesta eleição e que agora devemos nos unir", disse a líder democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, ao canal ABC.
"Chega Sanders, vamos falar sobre Hillary Clinton", declarou, por sua vez, a senadora da Califórnia Barbara Boxer.
Barack Obama alertou na segunda-feira sobre o risco da divisão dos democratas nesta etapa. Em Washington, não é segredo que ele deseja respaldar Hillary, o que parece muito perto de acontecer.