Os Estados Unidos se preparam para a chegada do furacão Matthew, que atingiu nesta quinta-feira (6) o arquipélago das Bahamas, depois de deixar 23 mortos no Haiti e quatro na República Dominicana, além de ter provocado grandes danos em Cuba.
O furacão de categoria 3 na escala Saffir-Simpson (até 5) se deslocava no sentido noroeste do Caribe com ventos de 185 km/h e pode subir para a categoria 4 à medida que se aproximar, nas próximas horas, da costa atlântica da Flórida, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.
Milhares de americanos, com a recordação ainda viva da passagem devastadora do furacão Sandy (categoria 3) em 2012, receberam a ordem de abandonar suas residências na área do litoral da Flórida, onde o fenômeno - o mais forte em 10 anos a atingir a região - deve chegar na madrugada de sexta-feira, de acordo com o NHC.
Às 6H00 GMT (3H00 de Brasília) de quinta-feira o furacão estava 160 km ao sudeste da capital das Bahamas, Nassau, cujo aeroporto foi fechado, assim como outros terminais.
O primeiro-ministro das Bahamas, Perry Christie, pediu aos moradores das costas meridionais que se afastem da região.
"Considerem seriamente um deslocamento para áreas mais elevadas. Os fenômenos naturais podem ser violentamente imprevisíveis", advertiu.
Os estados da Flórida e Carolina do Norte decretaram estado de emergência, diante da chegada do furacão, enquanto a Carolina do Sul ordenou a evacuação da costa a partir de quarta-feira.
Na Flórida, as autoridades responderam com rapidez à emergência e começaram a disponibilizar recursos, incluindo refúgios para pessoas ou animais de estimação, distribuidores de sacos de areia gratuitos e a suspensão na cobrança de pedágios.
Os moradores do condado de Volusia - no centro da Flórida - receberam em seus celulares a temida advertência oficial que, com um som peculiarmente inquietante, adverte os residentes sobre a iminência de um furacão.
"Se você pode sair antes, faça isto agora", disse o governador Rick Scott ao ordenar quando operações de retirada voluntárias e obrigatórias em alguns condados da costa leste.
O presidente Barack Obama, que adiou um evento previsto para quarta-feira em Miami com a candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, solicitou aos habitantes do sudeste do país que se preparem para a iminente chegada do furacão Matthew.
"É algo que deve ser levado a sério. Esperamos que aconteça o melhor, mas temos de nos preparar para o pior", advertiu Obama, ao qualificar Matthew como uma "séria tempestade".
Antes, o furacão Matthew atingiu com toda sua fúria o extremo leste de Cuba, onde os municípios Baracoa, Imías, Maisí e San Antonio del Sur da província de Guantánamo estavam isolados e bastante destruídos. Ainda não há informações sobre vítimas.
"Foi assustador. Não sobrou nada de Baracoa, apenas escombros e restos. Os casarões coloniais no centro da cidade, que eram lindos, estão destruídos", contou a dona de casa Quirenia Pérez, de 35 anos, que falou por celular com a AFP.
Com quase 82.000 habitantes, Baracoa é a cidade mais antiga de Cuba, com 505 anos, e polo turístico de Guantánamo, onde existe uma base americana que foi parcialmente evacuada antes da chegada do furacão.
"Em Baracoa, há bastante destruição, não temos relatos de perdas de vida, mas parece que as perdas materiais foram grandes", disse o general e vice-ministro das Forças Armadas Revolucionárias, Ramón Espinosa.
O furacão deixou ao menos 23 mortos e três desaparecidos no Haiti, assim como quatro mortos na República Dominicana, países que dividem a Ilha Espanhola, o que levou as autoridades haitianas a adiar as eleições presidenciais e legislativas convocadas para o próximo domingo.
Na quarta-feira, o presidente interino do Haiti, Jocelerme Privert, sobrevoou o sul do Haiti para avaliar os danos provocados pelo Matthew. Ele estava acompanhado pelo embaixador dos Estados Unidos, Peter Mulrean, e a diretora do Serviço de Proteção Civil, Alta Jean-Baptiste.
"A situação nas principais cidades que sobrevoamos é catastrófica", disse Privert.
As primeiras avaliações apontam um número considerável de casas muito danificadas, grandes prejuízos em áreas de cultivo e inundações.
Na República Dominicana, o Centro de Operações de Emergência (COE) relatou mais de 8.500 pessoas obrigadas a abandonar suas casas em Santo Domingo e em províncias fronteiriças com o Haiti.