O acordo de diálogo político com Cuba, que a União Europeia busca fechar antes do final do ano, representará "mais 50 anos de ditadura" na ilha, disse nesta quarta-feira à AFP o dissidente cubano Guillermo Fariñas, antes de comparecer à comissão de direitos humanos da Eurocâmara.
Fariñas, de 54 anos, foi convidado a expôr sua visão da situação em Cuba diante da comissão de direitos humanos do Parlamento Europeu, uma instituição que lhe concedeu em 2010 o prêmio Sakharov por sua luta pelas liberdades.
"Em Cuba não mudou nada, e se mudou foi para pior", assegura este psicólogo de profissão, para quem o acordo entre os 28 e Havana significaria que Cuba "tem que se preparar para mais 50 anos de ditadura".
"Os países da Europa dizem que com os terroristas não se negocia e eu lhes digo que com os bandidos há que negociar com cuidado", alertou Fariñas, para quem as ajudas e investimentos da UE poderão acabar nas mãos das elites que controlam o país.
"Para o berço da democracia [Europa], isso é inadmissível. Fazer negócios sem direitos humanos é escravidão", disse.
"O povo de Cuba confia na UE, nos países europeus e em todos os cidadãos europeus para que os cubanos tenham os mesmos direitos e liberdades que se desfruta na Europa", acrescentou.