Cerca de 200 pessoas estão acampadas na Praça Bolívar, no centro histórico de Bogotá, para pressionar pela implementação de um acordo de paz na Colômbia. No início do mês, os colombianos foram às urnas para decidir sobre a questão, e a maioria votou contra o acordo que já havia sido assinado entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O acampamento começou no dia 5 deste mês com apenas algumas pessoas, mas foi ganhando adesões aos poucos. Segundo um dos líderes do grupo, John Granados, o principal objetivo do movimento é pedir a implementação de um acordo de paz imediato. “Já houve tempo suficiente de negociação, os acordos já foram aprovados. O que necessitamos é que sejam implementados. Se houver alguma modificação nos acordos, que seja já, que isso não seja uma desculpa para que os conflitos continuem.”
Os acampados também pedem a manutenção definitiva do cessar-fogo bilateral entre as Forças Armadas do país e as Farc. Apesar de comemorar a extensão do prazo para o fim do ano, anunciada recentemente pelo presidente Juan Manuel Santos, os manifestantes entendem que essa decisão tem de ser definitiva. “Queremos que o cessar-fogo seja definitivo, não queremos mais guerra”, afirmou. Granados.
Para a analista política brasileira Beatriz Miranda, que vive na Colômbia, esse movimento foi uma resposta positiva e inesperada dos jovens após o resultado do plebiscito. “Foi um movimento inesperado, que não está ligado a nenhum partido político, e é um movimento mais puro, é uma geração que deseja uma Colômbia diferente”, disse a professora da Universidad Externado de Colombia.
A maioria dos acampados são jovens estudantes universitários, e alguns são vítimas do conflito armado, que já dura 52 anos no país. O grupo é mantido apenas com a ajuda de civis e não recebe doações em dinheiro, apenas em alimentos e material necessário ao acampamento, como barracas e colchões.
Segundo o líder Granados, as regras de convivência dos acampados incluem a proibição do consumo de álcool e drogas, a prática de sexo e rejeita manifestações violentas e a filiação a partidos políticos. “Estamos aqui, sob chuva e sol, mas daqui não vamos sair até que nos garantam a paz”, afirmou Granados.
O acordo de paz foi assinado no final de setembro entre o presidente colombiano e o líder das Farc, Rodrigo Lodoño, conhecido como Timochenko, após quatro anos de negociações. Entretanto, no dia 2 de outubro, os colombianos decidiram não referendar o acordo, com 50,2% dos votos válidos em um plebiscito realizado no país.