Nenhuma evacuação de feridos ou civis no segundo dia de trégua em Aleppo

Segundo a ONU, cerca de 200 feridos e doentes precisam ser retirados de forma urgente dos bairros de Aleppo controlados por rebeldes
AFP
Publicado em 21/10/2016 às 15:43
Segundo a ONU, cerca de 200 feridos e doentes precisam ser retirados de forma urgente dos bairros de Aleppo controlados por rebeldes Foto: FOTO: KARAM AL-MASRI / AFP


A ONU anunciou nesta sexta-feira que não será realizada nenhuma evacuação de feridos dos bairros rebeldes de Aleppo e os corredores humanitários seguiam desertos, no segundo dia de uma trégua humanitária prorrogada por Moscou.

As Nações Unidas confirmaram nesta sexta-feira que não ocorrerão evacuações de feridos nos bairros controlados pela oposição, enquanto a Rússia prorrogou a "pausa humanitária" até sábado à noite, embora tenha acusado os combatentes de impedir a saída dos rebeldes do leste de Aleppo, onde vivem 250.000 pessoas.

Acusado pelos países ocidentais de cometer "crimes de guerra" em Aleppo, o regime do presidente Bashar al-Assad e sua aliada, Rússia, suspenderam desde terça-feira os bombardeios - que haviam começado em 22 de setembro - contra os bairros da zona leste da segunda maior cidade da Síria, que mataram centenas de civis.

No entanto, as Nações Unidas explicaram que retardavam as primeiras evacuações de feridos previstas para esta sexta-feira porque não estavam "garantidas as condições de segurança" e que o pessoal de ajuda de urgências não havia conseguido, por enquanto, chegar até o local.

Segundo a ONU, 200 feridos e doentes precisam ser retirados de forma urgente dos bairros de Aleppo controlados por rebeldes.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, acusou na quinta-feira os rebeldes sírios de "violação do cessar-fogo" e de "impedir a saída da população". Moscou também acusou os rebeldes de intimidação.

"Não houve movimentação nos corredores dos bairros da zona leste. Até o momento não observamos nenhum movimento de moradores ou de combatentes", confirmou o diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

"O presidente russo decidiu prorrogar por 24 horas a pausa humanitária na região de Aleppo", anunciou em Moscou um funcionário de alto escalão do Estado-Maior russo. Segundo ele, a trégua deve terminar no sábado às 19h00 (14h00 de Brasília).

"Os corredores humanitários para que os civis saiam (de Aleppo) seguem bloqueados por terroristas, que disparam contra eles", denunciou Rudskoi, acrescentando que os rebeldes "aproveitam o cessar-fogo" para preparar uma ofensiva de grande amplitude.

Sete civis conseguiram deixar Aleppo, segundo Rudskoi.

Um correspondente da AFP posicionado no fim de um dos corredores no bairro de Bustan al-Qasr, do lado controlado pelo governo sírio, não observou qualquer movimento durante a manhã. Na quinta-feira apenas oito pessoas passaram pelo local.

'Agressão flagrante'

Antiga capital econômica da Síria, Aleppo se converteu em um símbolo da guerra que destrói o país desde março de 2011 e que já deixou mais de 300.000 mortos.

Disparos de morteiros dos rebeldes contra os bairros do oeste de Aleppo deixaram um morto e três feridos, segundo a televisão estatal.

Por outro lado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou "todas as partes" do conflito de "violações das leis humanitárias internacionais", denunciando que o cerco e o bombardeio de Aleppo leste constituem "crimes de alcance histórico".

Nenhum comboio de ajuda da ONU entra em Aleppo desde 7 de julho. No fim de outubro a cidade deve ficar sem estoques de alimentos, advertiu o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

No entanto, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que está preocupado pelo avanço em direção ao Mediterrâneo de uma frota naval russa com o único porta-aviões russo em serviço, que podia "participar das operações" aéreas na Síria.

Por sua vez, o exército sírio denunciou a agressão flagrante da Turquia após os bombardeios dirigidos na quinta-feira no norte de Aleppo contra as milícias curdas e ameaçou "confrontar com todos os meios disponíveis" qualquer tentativa da força aérea turca "de violar novamente o espaço aéreo sírio".

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