Impulsionado por uma energia populista, a candidatura do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, quebrou com convenções e sua equipe encarna uma forte mudança de direção na comparação com a administração de Barack Obama.
O republicano que pregou fortes mudanças após oito anos de comando dos democratas na Casa Branca reuniu indicações para sua equipe as quais incluem muitos executivos que nunca serviram no governo, além de líderes militares eleitos para assumir a Defesa.
Uma troca de partidos na Casa Branca com frequência representa ajustes de política, mas a equipe de Trump deve promover uma inversão de papéis na comparação com times mais convencionais como o do ex-presidente George W. Bush e de Barack Obama. Em ambos os governos, membros do Congresso, governadores e veteranos tinham um peso maior na administração.
A decisão de Trump de escolher o CEO da Exxon Mobil, Rex Tillerson, como secretário de Estado significa que o departamento pode ser gerido por um executivo do petróleo com fortes laços com a Rússia e nenhuma experiência de governo.
O atual secretário, John Kerry, é um ex-senador que comandou o Comitê de Relações Exteriores do Senado e passou boa parte de seu tempo buscando acordos para combater mudanças climáticas e firmar um acordo nuclear com o Irã. Se for confirmado no cargo pelo Senado, Tillerson teria uma voz de peso sobre se a administração de Obama deve abandonar o tratado climático de Paris e o pacto com o Irã.
Na Defesa, o nome de Trump é James Mattis, fuzileiro naval aposentado como um general quatro estrelas em 2013 e que passou a maior parte da vida como combatente em campo. O perfil diverge na comparação com o atual secretário de Defesa, Ash Carter, que trabalhou no Pentágono e na academia, mas nunca vestiu um uniforme.
Para aceitar o cargo, Mattis precisa que o Congresso aprove uma lei permitindo sua atuação. A legislação atual requer que o chefe do Pentágono tenha deixado as forças armadas há pelo menos sete anos.
Já o departamento do Tesouro esteve em modo de crise na gestão Obama, tendo que lidar com a perda de postos de trabalho e a crise do mercado imobiliário. Oito anos depois, Trump indicou Steven Mnuchin, um ex-executivo do Goldman Sachs que investiu em um banco que barrou milhares de proprietários após a crise.
Rick Perry é quem está se preparando para assumir o departamento de Energia. O ex-governador do Texas exerceu poder sobre as indústrias de petróleo e gás em seu Estado e sobre a energia eólica. Ele representa uma quebra em relação a antecessores como Steven Chu, vencedor do Prêmio Nobel de Física e Ernest Moniz, físico nuclear do Massachusetts Institute of Technology.
Escolha de Trump para advogado-geral, o senador pelo Alabama Jeff Sessions, apoiou duras políticas para imigração. Antes de se eleger para o Senado, sua indicação para ser um juiz federal afundou em meio a acusações de racismo. Ele pode suceder Loretta Lynch, que lidou com temas como tiroteios envolvendo policiais e um processo contra a Carolina do Norte por uma legislação que era vista como discriminatória para transexuais.
O atual secretário do Trabalho dos Estados Unidos, Tom Perez, é um conhecido defensor de aumentos no salário mínimo e ajudou a aprovar uma lei federal que torna mais trabalhadores elegíveis a receber por horas extras. Já a escolha de Trump para o cargo, o executivo Andy Puzder, já afirmou que aumentos no salário mínimo elevam o desemprego.
Escolhida por Trump para a Educação, Betsy DeVos, é uma ativista bilionária de Michigan que patrocinou escolas, o que detratores consideram que prejudica o ensino público. A escolha para Saúde é Tom Price, cirurgião ortopedista crítico do programa de saúde de Obama. Na Habitação, um dos rivais presidenciais de Trump Ben Carson, que não tem histórico em lidar com o tema. Para a agência de Proteção Ambiental, Trump escolheu o advogado-geral de Oklahoma Scott Pruitt, questionador do aquecimento global.