O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, declarou nesta segunda-feira o presidente Nicolás Maduro em "abandono do cargo", ao responsabilizá-lo pela
grave crise que o país atravessa, e pediu a realização de eleições.
"Aprovado o acordo com o qual se qualifica o abandono do cargo de Nicolás Maduro e se exige uma saída eleitoral para a crise venezuelana para que seja o povo que se expresse através do voto", anunciou o chefe da Assembleia Nacional, Julio Borges, ao ler o acordo na tribuna do plenário.
Em uma interpretação particular do "abandono do cargo", a opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) acusa Maduro de descumprir deveres que afundaram o país em uma grave crise, com severa escassez de alimentos e remédios, além de uma inflação que é a mais alta do mundo e uma criminalidade esmagadora.
"Por que não saímos desta crise? Porque Maduro não está governando com a Constituição, mas fora; está fazendo o que tem vontade. A Constituição fala do direito à alimentação, à saúde, à vida", afirmou Julio Borges, que assumiu na última quinta-feira a presidência do Parlamento, substituindo Henry Ramos Allup.
Segundo a Constituição, se o Legislativo declarar a "falta absoluta" do presidente antes de cumprir seu quarto ano de mandato, serão convocadas eleições em 30 dias. Depois deste limite, ele é substituído pelo vice-presidente para completar os dois anos restantes do período presidencial.