MOSUL, Iraque - A névoa matinal ainda não havia desaparecido quando as primeiras unidades da divisão de resposta rápida do exército do Iraque começaram nesta quinta-feira a expulsar os extremistas do Estado Islâmico do aeroporto de Mossul.
A partir de uma colina nos arredores do povoado de Al Buseif, os soldados observam os helicópteros lançando foguetes contra o aeroporto e uma fábrica de açúcar próxima, nas mãos dos extremistas desde 2014.
"Adoro este som", diz o primeiro-tenente Ahmed, enquanto os helicópteros seguem disparando.
Um pequeno grupo de soldados americanos contribui para a ofensiva colocando morteiros com um veículo blindado enquanto a curta distância são observadas colunas de fumaça cinza, sinal de um ataque aéreo contra Mossul.
Em uma ambulância da polícia federal iraquiana ouve-se em alto volume uma música patriótica, mas ela é interrompida em seguida porque os soldados detectaram um drone suspeito.
Em várias ocasiões o Estado Islâmico (EI) atacou o exército com granadas e projéteis lançados a partir de drones, razão pela qual seu zumbido característico coloca imediatamente os soldados em alerta.
No entanto, apesar de vários disparos, o drone consegue escapar.
Pouco a pouco, os militares começam a descer da colina, alguns com carros blindados e outros a pé, seguindo o caminho traçado pelos veículos para evitar explosivos escondidos na poeira, outras das táticas favoritas do EI.
Ao pé da colina está Jirbeh, o último povoado entre Al Buseif e o aeroporto, que nos últimos dias foi alvo de fogo contínuo, obrigando tanto seus moradores quanto os combatentes do EI a fugir.
Em Jirbeh é possível ver empilhadas portas de ferro das casas e em um curral empoeirado jazem os cadáveres de cinco vacas.
A polícia federal avança casa por casa em busca de explosivos. Em uma delas encontra um morteiro de fabricação caseira e em outra uma série de exemplares da Anba, a revista do EI.
Enquanto isso, os bulldozers avançam rumo ao final do povoado, onde começa o aeroporto, e consertam uma estrada, ao mesmo tempo em que os helicópteros seguem lançando foguetes contra a fábrica de açúcar.
"Estão atacando possíveis carros-bomba do EI na fábrica. Ali de cima podem ver coisas que não vemos aqui", explica um soldado.
Uma vez reparada a estrada, um comboio de veículos blindados da divisão de resposta rápida começa a se mover lentamente rumo à fábrica e à entrada do aeroporto.
Em seu avanço, os soldados passam pelo cadáver de um combatente do EI parcialmente carbonizado em sua motocicleta e um artefato explosivo é detonado, sem deixar feridos.
Rapidamente os soldados começam a metralhar a fábrica a partir de seus veículos militares Humvee. "Há franco-atiradores! Para dentro!", grita um soldado, enquanto os que vão à pé se refugiam atrás dos blindados.
Parte do comboio se dirige ao aeroporto, onde na entrada se observa um edifício em ruínas que no passado teve dois andares.
Todo o aeroporto está destruído e repleto de escombros.
"Do sul ao norte está completamente destroçado", confirma o general-de-brigada Abas al Juburi, de uma das unidades de resposta rápida. "Os terroristas começaram a destruí-lo desde o primeiro dia da operação" contra Mossul, afirma.
Dentro do recinto, unidades especiais buscam os chamados artefatos explosivos improvisados (IED, em inglês), enquanto outros militares começam a celebrar a tomada do aeroporto, inclusive com selfies.
Um deles carrega uma bandeira preta do EI e agora posa com ela com gesto desafiador.