A coalizão militar árabe que opera no Iêmen sob o comando saudita voltou a utilizar foguetes com ogivas de fragmentação fabricados no Brasil, acusou nesta quinta-feira a Anistia Internacional.
A organização de defesa dos direitos humanos afirma que a coalizão utilizou tais foguetes no dia 15 de fevereiro passado, em um ataque contra três áreas residenciais e zonas agrícolas na província de Saada (norte).
Os ataques contra a zona controlada pelos rebeldes xiitas huthis deixaram dois feridos, segundo a Anistia, que afirma que a coalizão já utilizou bombas de fragmentação no Iêmen em outubro de 2015 e maio de 2016.
As bombas de fragmentação trazem centenas de explosivos menores, que se espalham por uma ampla área e nem sempre explodem no ato, se transformando em um pesadelo de mutilação para a população civil.
A Human Rights Watch já havia denunciado, em dezembro passado, a utilização no Iêmen de foguetes brasileiros com ogivas de fragmentação, em um ataque que matou dois civis e feriu outros seis.
O ataque ocorreu um dia após a abstenção de Brasil, Arábia Saudita, Estados Unidos e Iêmen em uma votação na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a proibição do uso de bombas de fragmentação.
A coalizão árabe intervém militarmente no Iêmen desde março de 2015 para apoiar o presidente Abd Rabbo Mansur Hadi contra os huthis, aliados do ex-presidente Ali Abdallah Saleh.
Acusada regularmente de matar civis com seus bombardeios aéreos, a coalizão admitiu em outubro passado o "uso limitado" de bombas de fragmentação britânicas do tipo BL-755.
A guerra civil no Iêmen já deixou mais de 7.500 mortos e 40 mil feridos, segundo a ONU.