A China advertiu nesta sexta-feira (14) que "um conflito pode eclodir a qualquer momento" na Coreia do Norte, após as novas ameaças do presidente americano Donald Trump contra o regime de Pyongyang.
"O diálogo é o único caminho", insistiu o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, durante uma coletiva de imprensa em Pequim com o seu colega francês Jean-Marc Ayrault.
Por sua vez, a Rússia, "muito preocupada", exortou todas as partes a manter a calma e advertiu contra "qualquer ação que possa ser interpretada como uma provocação".
Na quinta-feira, Donald Trump prometeu que o "problema" norte-coreano seria "tratado". Ele havia anunciado o envio à península coreana do porta-aviões Carl Vinson, escoltado por três navios lança-mísseis, e depois falou de uma "armada", incluindo submarinos.
Esse porta-aviões transporta entre 70 e 80 aviões ou helicópteros, incluindo cerca de 50 caças.
A Coreia do Norte prometeu responder ao envio "insensato" deste grupo aeronaval, dizendo estar pronta para a "guerra".
"Temos a sensação de que um conflito poderia eclodir a qualquer momento. Acredito que todas as partes envolvidas devem ser vigilantes vis-à-vis essa situação", defendeu o chanceler chinês. Qualquer um que possa causar um conflito na península coreana "assumirá uma responsabilidade histórica e pagará o preço", alertou.
Segundo muitos observadores, a Coreia do Norte poderia, por ocasião do 105º aniversário do nascimento de Kim Il-Sung, primeiro líder do país, realizar no sábado um novo disparo de míssil balístico ou mesmo um sexto teste nuclear, ambos proibidos pela comunidade internacional.
"O tempo chegou para Pyongyang respeitar seus próprios compromissos", declarou nesta sexta-feira Jean-Marc Ayrault.
Uma semana após bombardear uma base aérea do regime sírio no centro da Síria, os Estados Unidos de Donald Trump lançaram na quinta-feira a sua bomba não-nuclear mais poderosa no Afeganistão. De potência comparável a 11 toneladas de TNT, a bomba matou pelo menos 36 membros do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), de acordo com o governo afegão.
O lançamento da bomba, que acontece num contexto de tensões com Pyongyang, é amplamente interpretado como um sinal enviado para a Coreia do Norte.
Apesar das ameaças, o regime estalinista permanece determinado a não desistir de seu programa nuclear.
Uma guerra termonuclear "poderia eclodir a qualquer momento" e "ameaçar a paz e a segurança mundial", advertiu na quinta-feira um porta-voz do ministério das Relações Exteriores norte-coreano, citado pela agência de notícias oficial KCNA.
"O vencedor não será aquele com as palavras mais duras ou que exibe mais músculos", reagiu Wang Yi, sem citar explicitamente as iniciativas americanas. "Se uma guerra acontecer, o resultado será uma situação em que não haverá vencedor", alertou.
A China é considera a mais próxima aliada da Coreia do Norte, mas se opõe firmemente ao programa nuclear do regime de Kim Jong-Un.
"As opções militares já estão sendo estudadas" sobre a Coreia do Norte, declarou, no entanto, nesta sexta-feira um assessor de política externa da Casa Branca, sob condição de anonimato, acrescentando que espera que Pyongyang realize um novo teste de mísseis balísticos ou nuclear.
"Com este regime, a questão não é saber se (isso vai acontecer), mas apenas quando", acrescentou.
Em caso de teste ou tiro, "Pequim vai responder firmemente", advertiu esta semana o jornal chinês Global Times, considerado próximo do governo. O jornal acredita que a China poderia apoiar novas sanções da ONU, incluindo restrições às importações de petróleo de Pyongyang.
Pequim defende há semanas um solução chamada de "suspensão contra a suspensão": Pyongyang deve parar suas atividades nucleares e de mísseis, e Washington seus exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul, vistas pelo Norte como uma provocação.
Os Estados Unidos rejeitam o plano chinês. Mas a China considera que é a "única opção viável" e desafia Washington a fazer "uma proposta melhor".
Um editorial do Global Times deu a entender na quinta-feira uma nova solução, chamando Pyongyang a "abandonar seu programa nuclear" em troca da proteção de Pequim.