Vinte dias depois de sua eleição, o presidente francês, Emmanuel Macron, une-se ao clube exclusivo dos dirigentes do G7, onde voltou a afirmar - em conversa com a primeira-ministra britânica, Theresa May - que as negociações comerciais entre União Europeia (UE) e Reino Unido devem esperar.
Em seu encontro bilateral, May disse a Macron que gostaria de abrir um diálogo, ao mesmo tempo em que seu governo e Bruxelas negociam o Brexit, mas Macron respondeu de forma negativa, segundo relato de uma fonte do Eliseu.
"A União Europeia permanecerá unida nas negociações do Brexit", e não haverá negociações paralelas, indicou a fonte.
"França e Reino Unido continuarão mantendo estreitos vínculos em áreas como economia, segurança e cooperação diplomática", acrescentou a mesma fonte.
À imprensa, May explicou que Londres tem dois anos para negociar a saída da UE, o Brexit, mas que, "quando deixarmos a UE, é importante que saibamos não apenas quais são os termos da saída, mas também como será a relação futura".
Macron também conversou com o premiê canadense, Justin Trudeau, ambos os mais jovens líderes presentes na cúpula de Taormina, com 39 e 45 anos, respectivamente.
"Sentado na mesma mesa que Emmanuel Macron pela primeira vez, estamos falando de emprego, segurança e clima. Espero ansiosamente por outras conversas, meu querido amigo", tuitou Trudeau.
Percorrendo a principal rua de Taormina a pé, Macron apareceu muito sorridente e relaxado com os colegas, saudando os moradores desse balnerário que decidiram permanecer em suas casas, apesar das drásticas medidas de segurança.
Além de apertos de mão, sorrisos e abraços, esse G7 também é um desafio para o novo presidente, que entrou na festa com os preparativos já em andamento - desde janeiro, na verdade. A chegada tardia se torna delicada nesta cúpula que se anuncia mais complicada dos que as anteriores.
"Geralmente, o comunicado final está preparado de antemão, mas não desta vez, devido à incerteza sobre a posição americana frente ao clima e ao comércio internacional. Os 'sherpas' continuarão negociando até sábado", explicou uma fonte da delegação francesa, referindo-se aos diplomatas envolvidos nessas discussões.
A França e outros países europeus buscam evitar um texto final que mencione apenas o clima e o Acordo de Paris, o que seria considerado um retrocesso.
Hoje, o chefe de governo italiano, Paolo Gentiloni, admitiu que a luta contra a mudança climática não avançou na cúpula do G7 de Taormina, já que os Estados Unidos decidiram levar um tempo para "refletir" sobre o tema.
Tendo chegado ao topo do poder em apenas um ano, Macron, de 39 anos, provoca curiosidade de seus pares, disse o negociador da França no governo François Hollande, Jacques Audibert, à CNews, na quinta-feira.
"É uma oportunidade de ouro ter todas essas datas tão próximas, Otan e G7, e ele ainda receberá (o presidente russo, Vladimir) Putin depois em Versalhes", na segunda-feira (29), completou.
"Os chefes de Estado e de governo adoram essas reuniões, onde podem discutir entre eles, sozinhos, até tarde da noite (...)", relatou, acrescentando que "os encontros bilaterais também são essenciais".
Macron é alvo de escrutínio, já que sua eleição representa "a resposta da França; uma resposta de abertura, dinâmica, o contrário do que as pessoas temiam", no caso da vitória da candidata de extrema direita, Marine Le Pen, segundo Audibert.
Para esse ex-conselheiro, "os dirigentes são muito curiosos" e são, acima de tudo, políticos, questionando-se sobre a vitória desse "outsider" na eleição presidencial francesa.
E, com o impetuoso aparecimento de Donald Trump na cena internacional, os pequenos detalhes ganham ainda mais destaque. Os viris apertos de mão entre Trump e Emmanuel Macron ontem, quase uma queda de braço, foram bastante comentados nas redes sociais.