Os chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) podem impulsionar na quarta-feira (31) a criação de um grupo de países para apoiar uma nova tentativa de diálogo positivo na Venezuela, disse nesta terça-feira (30) um diplomata americano de alto escalão.
"Vamos buscar um mandato para um compromisso diplomático, para um novo esforço da região em apoio a uma negociação de boa fé entre todos os venezuelanos", disse o funcionário de alto escalão do Departamento de Estado, que pediu anonimato.
De acordo com o funcionário, vários países da OEA mantiveram conversas sobre "a possibilidade de criar um grupo especializado, um grupo de contato, de países selecionados para acompanhar um novo processo de mediação ou negociação". Os chanceleres da OEA se reunirão na quarta-feira em Washington para discutir a situação política na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro convocou uma assembleia que terá a responsabilidade de redigir uma nova Constituição.
A oposição já está há dois meses em uma intensa mobilização e protesto nas ruas, em uma situação que já deixou um balanço de 60 mortos.
A ideia é "buscar uma forma de acompanhar a oposição e também o governo venezuelano para que todos tenham a oportunidade de trabalhar por uma solução pacífica para que sirva aos interesses de todos", disse o funcionário.
Cerca de vinte chanceleres confirmaram a presença na reunião de consultas de quarta-feira, mas o diplomata americano descartou que isso deixe a reunião menos forte. "Não será a última reunião neste sentido, dada a crise e as circunstâncias especiais na Venezuela", disse o funcionário.
Para o diplomata, a próxima Assembleia Geral da OEA, que será realizada em junho no México, terá a Venezuela como "prioridade na lista das preocupações regionais". Embora várias tentativas anteriores de facilitar o diálogo entre o governo e a oposição tenham fracassado, nesta terça-feira, o diplomata americano disse ser "importante que a OEA apoie este tipo de esforço".
Entretanto, a Venezuela iniciou formalmente há um mês o processo de saída do organismo continental, em um processo que levará dois anos para se completar. A decisão do país de iniciar a sua retirada da OEA e de não participar mais das reuniões é uma decisão "soberana", acrescentando que se o governo venezuelano "quiser aproveitar e mandar uma mensagem, será muito bem-vindo".