O prefeito de Londres, Sadiq Khan, afirmou neste domingo (4) que tem coisas mais importantes a fazer que responder a uma mensagem no Twitter do presidente americano Donald Trump criticando suas declarações sobre o atentado de sábado (3).
"O prefeito está ocupado (...) Tem coisas mais importantes a fazer que responder a um tuíte desinformado de Donald Trump, que tira deliberadamente de contexto suas declarações pedindo aos londrinos que não ficassem alarmados quando observassem mais policiais, incluindo policiais armados, nas ruas", disse um porta-voz de Khan.
Após o atentado que deixou sete mortos, além dos três criminosos, e vários feridos na London Bridge e no Borough Market, Trump tuitou: "Ao menos sete mortos e 48 feridos em um ataque terrorista e o prefeito de Londres diz que 'não há motivo para alarme!'".
Antes, ele aproveitou a oportunidade para pedir à justiça que retire o bloqueio de seu projeto que proíbe a entrada de imigrantes de certos países muçulmanos nos Estados Unidos.
Em outra mensagem, Trump ironizou os que defendem o controle de armas.
"Vocês percebem que não estamos tendo um debate sobre armas agora? Isto é porque eles usaram facas e um caminhão!", escreveu no Twitter.
Esta não é a primeira vez que Trump é acusado de utilizar ataques terroristas para obter um benefício político. E com os londrinos ainda em choque, as palavras do presidente americano provocaram reações fortes dos dois lados do Atlântico.
David Lammy, parlamentar do Partido Trabalhista, escreveu no Twitter: "Barato, desagradável e impróprio de um chefe Estado. O tipo de coisa que faz com que queira abandonar a política em um dia assim. O mal por qualquer lado que observamos".
Nos Estados Unidos, o ex-vice-presidente Al Gore comentou no canal CNN que não acreditar que "após um ataque terrorista como este seja o momento de criticar um prefeito que está tentando organizar uma resposta em sua cidade".
Sobre a mencionada restrição de viagens para pessoas procedentes de seis países com maioria muçulmana, que foi bloqueada por tribunais federais americanos, Cecilia Wang, vice-diretora legal da American Civil Liberties Union, escreveu no Twitter: "Temos que ficar indignados quando um presidente explora um crime terrível para fomentar sua política discriminatória e ilegal".
Em junho do ano passado, após o mortal a uma discoteca em Orlando, Flórida, Trump tuitou: "Obrigado pelas felicitações por ter razão sobre o terrorismo islâmico radical, não quero felicitações, quero dureza e vigilância. Devemos ser inteligentes!".
A mensagem irritou muitos de seus críticos, que apontaram que o momento seguinte a um atentado que deixou 49 mortos não era o adequado para um candidato à presidência alardear as felicitações recebidas.