Apesar das derrotas no Iraque e na Síria, o grupo extremista Estado islâmico (EI) se reorganizou e agora está "mais focado do que nunca" em atacar a Europa e outras áreas fora dessa zona de conflito, disse um alto funcionário da ONU na quinta-feira (8).
"Apesar da pressão militar contínua, o EI continua resistindo, particularmente em Mossul e Raqa", disse o subsecretário-geral para Assuntos Políticos da ONU, Jeffrey Feltman.
"Ao mesmo tempo, o EI reorganizou sua estrutura militar, dando mais poder aos comandantes locais, e está mais focado do que nunca em possibilitar e inspirar ataques fora das zonas de conflito", acrescentou.
Em um pronunciamento ante o Conselho de Segurança da ONU, Feltman citou ataques recentes na Bélgica, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, Suécia e Turquia.
O grupo publicou menos mensagens nas redes sociais nos últimos 16 meses, mas "a ameaça persiste conforme militantes fora da Síria e do Iraque se reúnem e redistribuem essa propaganda".
O número total de combatentes do EI e suas receitas também caíram durante o mesmo período, acrescentou Feltman.
Mas o grupo pode contar com milhões de dólares por mês gerados com a venda de petróleo, extorsão, sequestro, tráfico de antiguidades e mineração em territórios que controlam.
Enquanto o número de combatentes estrangeiros recrutados pelo EI também diminuiu, "os repatriados e a realocação de combatentes das zonas de conflito para outras regiões agora representam uma ameaça considerável à paz internacional", disse Feltman.
Ele pediu vínculos reforçados entre o sistema das Nações Unidas e os atores regionais para apoiar os Estados do G5 Sahel - Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger - em seus esforços de combate ao terrorismo.
Na terça-feira, a França pediu ao Conselho de Segurança da ONU que autorize a implantação de uma força militar africana de cinco países para lutar contra extremistas violentos e traficantes de drogas no Sahel.
Os Estados do G5 Sahel concordaram em março em criar a operação especial de combate ao terrorismo de 5.000 efetivos para a região.
"É importante que o Conselho de Segurança se una em apoio a esse projeto", afirmou o embaixador francês, Francois Delattre.
"Mais uma vez, no terrorismo, não há lugar para desunião. Portanto, não podemos imaginar que o conselho não apoie totalmente nosso projeto", acrescentou.
Diplomatas dizem que os Estados Unidos resistiram em financiar essa força durante as discussões iniciais.