Coreia do Sul e Estados Unidos iniciaram seus exercícios militares anuais conjuntos nesta segunda-feira (21), enquanto o presidente sul-coreano, Moon Jae-In, pedia a Pyongyang para não usá-los como desculpa para perpetuar o "círculo vicioso" das tensões.
A China voltou a pedir nesta segunda que os dois países suspendam seus exercícios conjuntos.
"A atual situação na península da Coreia é muito sensível e frágil, o que requer que as partes diretamente envolvidas, Estados Unidos e Coreia do Sul, incluídos, façam esforços conjuntos para reduzir as tensões", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
A China, aliada da Coreia do Norte, pediu que sejam retomadas conversações para por fim à crise.
Milhares de soldados participam da manobra militar "Ulchi Freedom Guardian" (UFG). Baseada em grande medida em simulações por computador, esses exercícios serão realizados na Coreia do Sul e vão durar duas semanas.
Os dois aliados apresentam essas operações como defensivas, mas, para Pyongyang, trata-se de uma repetição provocadora da invasão de seu território. E, todo o ano, ameaça lançar represálias militares.
A operação de 2017 acontece em um contexto de alta tensão e de guerra retórica entre Washington e Pyongyang.
A Coreia do Norte testou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) em julho, parecendo pôr boa parte do continente americano a seu alcance. Como reação, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou deflagar "fogo e fúria" ao Norte.
Em resposta, Pyongyang prometeu lançar uma salva de mísseis perto do território americano de Guam, no Pacífico. O líder norte-coreano, Kim Jong-un, decidiu deixar o plano em suspenso, alertando que sua ativação depende apenas do comportamento de Washington.
O presidente Moon ressaltou que o exercício UFG é "puramente defensivo por natureza".
Pyongyang não deve "usá-lo como desculpa para provocações que agravariam a situação", afirmou.
"A Coreia do Norte deve compreender que suas reiteradas provocações obrigam a Coreia do Sul e os Estados Unidos a realizarem exercícios conjuntos, perpetuando o círculo vicioso", acrescentou.
Essas manobras anuais datam de 1976 e levam o nome de um general que defendeu o antigo reino coreano do invasor chinês. Cerca de 50 mil soldados sul-coreanos e 17.500 americanos participam delas. No ano anterior, o efetivo dos EUA chegou a 25 mil homens.
A imprensa sul-coreana informou que Washington cogita abandonar seu projeto inicial de enviar dois porta-aviões para perto da península, no âmbito desse treinamento.
No domingo (20), o secretário americano da Defesa, James Mattis, desmentiu que os Estados Unidos tenham tido a intenção de acalmar Pyongyang, diminuindo o número de soldados envolvidos no UFG.
Seu número foi reduzido "com a intenção de atingir os objetivos do exercício", disse ele à imprensa, a bordo de um avião com destino à Jordânia.
O chefe do comando do Pacífico da Marinha americana, almirante Harrys Harris, chegou no domingo à Coreia do Sul para acompanhar os exercícios e discutir a ameaça representada pelos programas balísticos e nucleares da Coreia do Norte.
Na véspera, Pyongyang acusou Washington de "jogar lenha na fogueira".
O jornal do partido único no poder, "Rodong Sinmun", advertiu para a "fase incontrolável da guerra nuclear". Os Estados Unidos "se enganam mais do que nunca", se pensam que uma guerra "acontecerá em outro país, longe deles, do outro lado do Pacífico".