A célula extremista responsável pelos atentados em Barcelona preparava uma bomba muito mais letal feita à base de TATP, explosivo usado pelo Estado Islâmico (EI) e chamado de "a mãe de Satã".
Vestígios dessa substância foram encontrados pela Polícia em um laboratório do grupo destruído por uma deflagração.
Detalhes dos preparativos dessa célula foram divulgados na terça-feira pelo juiz madrileno que indiciou dois dos quatro membros do grupo ainda vivos, acusados de "assassinatos terroristas" e "posse de explosivos".
Sob os escombros de uma casa que explodiu na quarta-feira passada (16) em Alcanar, 200 quilômetros ao sul de Barcelona, os investigadores encontraram 120 botijões de gás, "500 litros de acetona, água oxigenada e bicarbonato, uma grande quantidade de pregos, que seriam usados como metralha, e detonadores para deflagrar a explosão".
A Polícia diz dispor de indícios, provando que a célula fabricava "peróxido de acetona, ou TATP, frequentemente usado pela organização terrorista Daesh (acrônimo do Estado Islâmico em árabe) em suas ações terroristas, como nos atentados de Paris e de Bruxelas".
Em 1º e 2 de agosto de 2017, eles compraram pelo menos 500 litros de acetona, o principal composto do TATP, assim como "componentes necessários à confecção de artefatos explosivos".
A bomba foi apelidada de "mãe de Satã" pelos grupos radicais, que publicaram on-line vários manuais, com fotos e desenhos, além de vídeos com tutoriais.
Esse artefato artesanal tem uma grande potência deflagradora e pode ser elaborado com ingredientes disponíveis em farmácias e outras lojas. Com proporções precisas de acetona, água oxigenada e ácido (sulfúrico, clorídrico, ou nítrico), chega-se a essa mistura explosiva.
A parte mais delicada é a adição do ácido à mistura de acetona e de água oxigenada, que libera calor, gases e pode se inflamar.
De acordo com o texto judicial, foi na manipulação desses ingredientes que os extremistas provocaram a explosão. Dois deles morreram, e um terceiro ficou ferido. Seu relato permitiu reconstituir o plano orquestrado pela célula.
Algumas horas mais tarde, sem seu arsenal, eles decidiram usar carros para atacar a multidão, matando 15 pessoas nos dois atentados reivindicados pelo EI.