As forças iraquianas reconquistaram neste sábado o centro de Tal Afar e sua cidadela, seis dias depois de ter iniciado o assalto a um dos últimos redutos do grupo Estado Islâmico no Iraque. No início de julho, as forças iraquianas retomaram Mossul, segunda cidade do Iraque e outrora grande reduto do grupo ultrarradical no país, depois de nove meses de violentos combates que puseram fim a três anos de ocupação jihadista.
No domingo passado, as tropas governamentais e as unidades paramilitares do Hashd Al Shaabi, apoiadas pela coalizão dirigida pelos Estados Unidos, lançaram o assalto contra Tal Afar, 70 km a oeste de Mossul. Em menos de uma semana, avançaram rapidamente até o setor histórico, onde viviam 200.000 pessoas antes da chegada dos jihadistas em 2014.
Os combates prosseguem, segundo o general Abdelamir Yarallah, chefe das operações militares, especialmente para retomar a localidade de Al Aadieh, 15 km ao norte e que tem uma rota estratégica que une Tal Afar à fronteira síria. Segundo os comandos militares no front, a vitória total em Tal Afar poderá ser celebrada durante a festa muçulmana do Aid Al Adha, que no Iraque acontece em 2 de setembro. "No início, os jihadistas usavam carros-bomba e morteiros. Agora há apenas franco-atiradores", indicou Abas Radhi, um combatente do Hachd. "Ahora lo que hay principalmente son francotiradores" explicó.
Tal Afar não é tão grande nem tão simbólica quanto Mossul, mas sua conquista constitui uma importante etapa na ofensiva antijihadista, tanto no Iraque como na vizinha Síria. As autoridades afirmam que a tomada de Tal Afar complicará ainda mais a passagem de armas e de jihadistas entre o Iraque e a Síria, onde o EI é atacado em várias frentes. "É um período de transição entre uma guerra que se aproxima do fim e o início da estabilização e da reconstrução do Iraque", afirmou, por sua parte, o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, de visita ao país, junto com a ministra da Defesa, Florence Parly.
Le Drian anunciou um empréstimo de seu país ao Iraque por 430 milhões de dólares para contribuir com a reconstrução do país. A França, um dos principais colaboradores da coalizão anti-EI, pretende manter seu apoio militar para que sejam reconquistados os últimos redutos jihadistas: Hawija, no norte iraquano, e as zonas fronteiriças com a Síria, no oeste.
Os ministros devem viajar depois para Erbil, no Curdistão iraquiano, onde se reunirão com o presidente da região autônoma, Masud Barzani. É esperado que os ministros franceses alertem os curdos iraquianos contra o referendo sobre sua independência previsto para 25 de setembro e que poderá desestabilizar o conjunto da região. Washington também se opõe a esta votação, assim como a Turquia e o Irã, que temem que o processo desestabilize sua própria minoria curda.