O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitava nesta terça-feira (29) o estado do Texas, devastado pelas inundações provocadas pela tempestade Harvey, decidido a enviar uma mensagem de solidariedade e liderança diante da catástrofe, enquanto a Costa do Golfo se preparava para mais chuvas torrenciais.
Trump, que enfrenta o primeiro desastre natural de sua polêmica presidência, chegou com sua esposa Melania à cidade de Corpus Christi, que recebeu a fúria de Harvey quando tocou terra na sexta-feira (25) como um furacão de categoria quatro, desatando um dilúvio sem precedentes, segundo os especialistas.
O casal também prevê viajar para a capital, Austin. Mas não se espera que Trump visite Houston, que permanece em boa parte debaixo d'água para não atrapalhar as tarefas de resgate, informou a Casa Branca.
Donald Trump, que prometeu o apoio do governo federal ao Texas no "longo e difícil caminho da recuperação", está sendo informado sobre os esforços de socorro no segundo maior estado do país, onde 8.000 pessoas foram levadas para abrigos de emergência e centenas ainda esperam ser resgatadas dos alagamentos.
"Somos fãs de Trump. Confiamos em que cuidará de nós", disse Darla Fitzgerald, enfermeira de 58 anos que estava em um abrigo da Cruz Vermelha em Winnie, cidade a leste de Houston, onde chovia forte nesta terça.
Ray Henrichson, voluntária de 74 anos, se mostrou igualmente otimista sobre a visita do presidente.
"É muito bom que já tenha assinado decretos [de catástrofe e emergência] para que essas pessoas possam ter ajuda imediata", afirmou Henrichson, feliz de saber que provavelmente o presidente já tenha observado de seu avião a proporção do desastre.
Até agora Harvey causou pelo menos três mortes confirmadas e mais seis "potencialmente ligadas" à tempestade. As autoridades esperam alocar um total de 30.000 pessoas em abrigos, e estimam que 450.000 peçam assistência ao governo federal.
A zona mais afetada é Houston, quarta metrópole do país com 2,3 milhões de habitantes, seis milhões na área metropolitana, e capital da indústria petroleira americana, que continuava perturbada pela suspensão das atividades de refinarias, embora os investidores afirmem contar com reservas de petróleo suficientes.
Socorristas continuavam nesta terça-feira com as tarefas de resgate, e as autoridades urgiam que abandonassem as áreas de perigo, como a de Columbia Lakes, ao sul da cidade, onde foi emitida uma ordem de evacuação imediata após o rompimento de um dique.
"SAIAM AGORA!", tuitaram as autoridades do condado de Brazoria.
"Esta zona esteve sob ordem de evacuação obrigatória durante os últimos dias. Mas algumas pessoas não prestaram atenção às advertências", disse a porta-voz Sharon Trower.
O Corpo de Engenheiros do Exército decidiu abrir as comportas de duas represas com risco de transbordamento para evitar uma catástrofe na periferia de Houston.
Andrea Aviles, de 16 anos, deixou sua casa com a família e agora espera em Winnie com cerca de outras 30 famílias de origem mexicana que a tempestade acabe, abrigada no hotel onde sua mãe trabalha.
As aulas deveriam começar na segunda-feira, mas sua vida está de cabeça para baixo por conta do Harvey. "Nunca vi algo assim", assegurou à AFP.
Latitia Rodriguez foi resgatada pela Polícia do condado de Williamson junto com seu marido, seus filhos e netos. Foram em um bote pela alagada Rota 90. "Tínhamos que salvar nossos bebês", afirmou.
"Ainda estamos em grande parte na fase de emergência, onde salvar vidas e garantir a segurança dos habitantes é uma prioridade", disse em teleconferência um funcionário de alto escalão da Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema).
Mas a chuva continua sendo a "maior ameaça", disse à AFP Dennis Feltgen, porta-voz do Centro Nacional de Furacões, com sede em Miami.
"Isto não acabou", advertiu, qualificando a situação de "catastrófica".
Com o vizinho estado da Louisiana também em seu caminho, Harvey, rebaixado a tempestade tropical, se desloca para o leste e se espera que toque terra novamente na noite desta terça-feira ou na madrugada de quarta.
Nova Orleans, que nesta terça relembra o 12º aniversário do devastador furacão Katrina, que deixou 1.800 mortos, se preparava para fortes chuvas e inundações repentinas nos próximos dois dias.
A famosa cidade do jazz e do carnaval é particularmente vulnerável porque tem zonas construídas abaixo do nível do mar e já sofreu outra grande inundação no início deste mês, que se complicou por falhas em seu sistema de drenagem.
"Há algumas previsões de até 250 milímetros de chuva nas próximas 36 horas para Nova Orleans. Não seria nada surpreendente se acabasse sendo mais do que isso", disse à AFP o meteorologista Eric Holthaus.
Houston pode esperar de 25 mm a 50 mm a mais de chuva enquanto a tempestade se distancia, mas as inundações podem continuar até o final da semana, acrescentou.